Saiba tudo o que Fabio Wajngarten disse na CPI
Nesta quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro Fabio Wajngarten prestou depoimento à CPI da Covid. Ele foi convocado pela comissão após dizer, em entrevista à Veja no dia 23 de abril, que houve "incompetência e ineficiência" por parte da gestão do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na compra de vacinas...
Nesta quarta-feira (12), o ex-secretário de Comunicação do governo de Jair Bolsonaro Fabio Wajngarten prestou depoimento à CPI da Covid.
Ele foi convocado pela comissão após dizer, em entrevista à Veja no dia 23 de abril, que houve “incompetência e ineficiência” por parte da gestão do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na compra de vacinas.
Wajngarten tentou a todo momento proteger o presidente Jair Bolsonaro e irritou os senadores ao mentir diversas vezes. Disse, por exemplo, que não atuou junto à Secom enquanto estava com Covid, que a Secretaria não elaborou e divulgou a campanha “o Brasil não pode parar” e que não havia dito que houve incompetência por parte do governo.
Todas essas alegações foram refutadas. Ele também negou que tenha atuado na negociação da Pfizer com o Ministério da Saúde.
O relator, Renan Calheiros, e outros senadores pediram a prisão de Wajngarten pelo menos duas vezes. Omar Aziz, presidente da CPI, negou. “Não vou ser carcereiro.”
O que disse Fabio Wajngarten
Atuação da Secom durante a pandemia
- Wajngarten negou que o presidente tenha solicitado peças publicitárias sobre qualquer tema específico e garantiu que não houve interferência do Planalto na Secom. Ele disse que Carluxo também não interferiu. Segundo o ex-secretário, o governo gastou cerca de R$ 285 milhões em ações de conscientização durante a pandemia. Como mostramos, a própria Secom defendeu o tratamento precoce, o uso da cloroquina e minimizou a gravidade da pandemia.
- Wajngarten disse não ter certeza de que a campanha “o Brasil não pode parar”, que defendia o fim do isolamento, partiu da Secom. Ele alegou que ficou afastado do cargo por ter sido infectado com Covid na época. No entanto, em uma live com Eduardo Bolsonaro no período, o então chefe da Secom disse que continuava comandando as campanhas publicitárias do governo. Um trecho da live chegou a ser reproduzido durante a sessão.
- Mais tarde, Wajngarten disse que “lembrou” que, na verdade, a campanha foi divulgada sem aprovação, por causa de um vazamento do então ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos. Na sequência, o ex-chefe da Comunicação foi confrontado com a informação de que a própria Secom publicou o vídeo em seu perfil oficial nas redes sociais e ficou calado.
- O ex-chefe da Secom se recusou a comentar os impactos das declarações negacionistas de Jair Bolsonaro.
Conversas com a Pfizer
- Wajngarten disse que dialogou com a Pfizer em busca de vacinas por iniciativa própria. Apesar disso, afirmou que “nunca participou” das negociações entre a empresa e o governo.
- O ex-secretário disse que teve encontros com representantes da farmacêutica depois que tomou conhecimento de que ela havia enviado uma carta ao Ministério da Saúde, em setembro do ano passado, que não havia sido respondida. Wajngarten afirmou que foi informado sobre a carta pelo dono da Rede TV, Marcelo Carvalho.
- Segundo o ex-secretário, Jair Bolsonaro não respondeu à carta por excesso de burocracia e não foi informado por assessores sobre o recebimento. O documento, como mostrou O Antagonista, também foi enviado a Hamilton Mourão, Paulo Guedes, Braga Netto, Eduardo Pazuello e ao embaixador brasileiro nos EUA, Nestor Foster. Todos ignoraram a carta.
- A reunião entre Wajngarten e o CEO da Pfizer ocorreu só em novembro, dois meses depois que a carta foi enviada. No dia do primeiro encontro, 17 de novembro, Jair Bolsonaro participava de uma festividade com o cantor Amado Batista.
- Wajngarten alegou que a empresa não ofereceu grandes quantidades de imunizantes ao Brasil. E atribuiu a demora do governo em fechar um contrato a “divergências contratuais”.
- O ex-secretário repetiu exaustivamente que Jair Bolsonaro se comprometeu a comprar qualquer vacina autorizada pelos órgãos reguladores internacionais. O que evidentemente é mentira: uma semana depois de a FDA aprovar a vacina da Pfizer, por exemplo, Bolsonaro disse, no dia 17 de dezembro, que o imunizante podia transformar pessoas em jacarés.
Entrevista à Veja
- Wajngarten disse que não declarou à revista Veja que Eduardo Pazuello era incompetente por causa do atraso na compra de vacinas. O presidente da CPI, Omar Aziz, alertou ele poderia ser investigado por mentir. Aziz solicitou à Veja a gravação da entrevista. Ainda durante a sessão, a revista divulgou o trecho do áudio em que Wajngarten reconhece que “houve incompetência”, sem citar nominalmente Pazuello.
Pedidos de prisão
O senador Renan Calheiros defendeu a prisão de Fabio Wajngarten duas vezes durante a CPI, por tentativa de embaraço às investigações. O relator Renan Calheiros se baseou no artigo 342 do Código Penal.
“Vossa excelência mais uma vez mente. Mentiu diante dos áudios publicados, mentiu em relação à entrevista que concedeu. Mas esse é o primeiro caso de alguém que, em desprestígio da verdade, mente. O presidente pode até decidir diferentemente. Mas eu vou, diante do flagrante evidente, pedir a prisão de vossa senhoria.”
O presidente da Comissão, Omar Aziz, se negou a decretar a prisão e afirmou que não é “carcereiro”.
Flávio Bolsonaro
Perto do fim da sessão, o senador Flávio Bolsonaro apareceu na CPI da Covid para defender Fabio Wajngarten. Ele elogiou a postura do presidente da comissão, Omar Aziz, e chamou o relator, Renan Calheiros, de vagabundo. Renan reagiu, chamando Flávio também de vagabundo, e lembrou o episódio das rachadinhas.
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