Saiba tudo o que disse Ernesto Araújo na CPI
O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo prestou depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (18). Ele tentou negar seus ataques sistemáticos a China e atribuiu ao Ministério da Saúde a responsabilidade pelo atraso na compra de vacinas da Covax...
O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo prestou depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (18).
Ele tentou negar seus ataques sistemáticos à China e atribuiu ao Ministério da Saúde a responsabilidade pelo atraso na compra de vacinas do consórcio Covax Facility, da OMS.
O ex-chanceler disse que não repassou a Jair Bolsonaro a carta da Pfizer com oferta de vacinas, encaminhada inicialmente ao embaixador Nestor Foster, porque presumiu que ele já tivesse recebido.
Ernesto ainda admitiu que pediu a cabeça do embaixador chinês, Yang Wanming, e reiterou a acusação que fez à senadora Kátia Abreu em março.
Pressionado pelos senadores, o ex-ministro gaguejou durante todo o depoimento, fugiu dos questionamentos e se contradisse diversas vezes. Nem parecia o valentão do Twitter.
O que disse Ernesto Araújo
Demissão
- O ex-chanceler disse que foi demitido por Jair Bolsonaro para “não dificultar as relações com o Senado”. Ernesto deixou o cargo após insinuar que a senadora Kátia Abreu tentava favorecer a China na implementação do 5G no país. O ex-ministro negou que sua saída teve a ver com a compra de vacinas.
- A senadora participou da sessão, como representante da bancada feminina, e fez duras críticas ao ex-ministro.
- Após Kátia Abreu deixar a CPI, Ernesto reiterou as acusações à senadora, afirmando que havia dito a verdade.
Relação com a China
- Ernesto Araújo tentou convencer os senadores de que jamais criou qualquer atrito com a China. Ele afirmou que os ataques que fez foram, na verdade, críticas ao embaixador chinês Yang Wanming. O ex-ministro disse que suas declarações não foram “antichinesas” e tentou explicar o termo “comunavírus”, usado por ele em um artigo.
- Pressionado pelos senadores, Ernesto confirmou que de fato pediu a cabeça do embaixador chinês. Como O Antagonista noticiou em janeiro, o então chanceler colocou a saída de Wanming como condição para conversar com a empresa chinesa Huawei sobre 5G.
- O ex-ministro negou que tenha saído em defesa de Eduardo Bolsonaro no episódio em que ele acusou a China de promover espionagem por meio da tecnologia 5G. Segundo ele, apenas criticou a resposta dos chineses.
Importação de cloroquina da Índia
- Ernesto Araújo confirmou que o presidente Jair Bolsonaro pediu ao Itamaraty um telefonema para o primeiro ministro indiano, Narendra Modi, para viabilizar a importação de cloroquina. Segundo ele, o próprio Ministério da Saúde solicitou o apoio da pasta para ampliar o estoque do medicamento.
Acordo com o consórcio Covax
- O ex-chanceler tentou explicar a baixa adesão do Brasil ao consórcio de vacinas da OMS Covax. O Brasil optou por comprar imunizantes para vacinar apenas 10% de sua população, quando poderia ter adquirido o bastante para vacinar até 50% dos brasileiros. Segundo Ernesto, a quantia foi acertada em uma reunião na Casa Civil, em junho de 2020. Ele responsabilizou o Ministério da Saúde pela decisão.
- O ex-ministro também culpou a pasta pelo atraso em firmar o acordo. A iniciativa surgiu em abril, mas o Brasil só fechou acordo em 24 de setembro, quando 170 países já haviam aderido.
- Ernesto alegou que desde abril o governo brasileiro negociava com o consórcio. A informação foi desmentida pelo senador Otto Alencar, que citou registros do início da participação brasileira datados de junho.
Comitiva brasileira para Israel
- Ernesto Araújo comentou a viagem da comitiva brasileira para Israel em março para obter informações sobre o spray nasal EXO-CD24, que supostamente cura o novo coronavírus. Como mostramos, o Brasil não fechou acordo para a compra do produto. O ex-chanceler disse que, durante a viagem, a comitiva teve apenas uma reunião para discutir o processo de imunização israelense.
- O ex-chanceler foi questionado sobre o porquê de Marcos Moura, assessor do presidente Jair Bolsonaro sem qualquer formação científica, ter participado da viagem. Ernesto negou que ele tenha ido “a passeio”.
Carta da Pfizer
- Ernesto Araújo disse que ninguém do Itamaraty foi procurado por membros do governo para tratar da carta da Pfizer com oferta de vacinas, que ficou dois meses sem resposta. Ele disse não saber o que pode ter motivado o atraso do Brasil em se posicionar. Um dos destinatários da carta foi Nestor Foster, embaixador do Brasil nos Estados Unidos, subordinado de Ernesto.
- O ex-chanceler disse que não comunicou o presidente Jair Bolsonaro sobre o recebimento porque achou que ele já tivesse sido notificado.
Colapso no Amazonas
- Ernesto foi confrontado pelos senadores sobre a decisão do Itamaraty que impediu que o oxigênio doado pela Venezuela ao Brasil em meio ao colapso em Manaus fosse transportado por aviões da FAB. O oxigênio acabou chegando por via terrestre. O ex-chanceler negou a informação, mas confirmou que não pediu ajuda para a Venezuela ou agradeceu pela doação.
Olavo de Carvalho e Filipe Martins
- Ernesto Araújo negou que Olavo de Carvalho seja seu “guru” ou que astrólogo oriente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
- O ex-chanceler afirmou que conversava “muito frequentemente” com Filipe Martins, assessor internacional da Presidência da República. Ernesto também disse que “é possível” que Martins tenha opinado sobre vacinas.
- O ex-ministro afirmou que, além de Filipe Martins, Eduardo Bolsonaro também auxiliava o presidente da República em assuntos ligados a política externa.
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