Ricardo Salles, o ‘ministro do Desmatamento’
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo nesta quarta-feira (19) de buscas da Polícia Federal no âmbito da Operação Akuandaba, deflagrada por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes...
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo nesta quarta-feira (19) de buscas da Polícia Federal no âmbito da Operação Akuandaba, deflagrada por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.
A PF investiga a exportação ilegal de madeira para Estados Unidos e Europa.
Entre os alvos também está o presidente do Ibama, Eduardo Bim, e outras nove pessoas. A PF cumpriu 35 mandados, inclusive nos apartamentos de Ricardo Salles.
A operação determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Salles, o afastamento preventivo de Bim e o de outros nove agentes públicos que ocupavam cargos e funções de confiança nos órgãos.
O ministro compareceu à superintendência da PF em Brasília e disse que a operação foi “exagerada”.
O histórico do ‘ministro do Desmatamento’
Reunião Ministerial
- No vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, Ricardo Salles afirmou aos demais ministros que o governo deveria aproveitar as atenções voltadas para a pandemia para “passar a boiada”. Desde então, o “ministro do Desmatamento” cumpriu à risca o que disse.
A pedalada do carbono
- Em dezembro de 2020, o Brasil apresentou à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) uma atualização da sua meta de emissão de carbono.
- A nova projeção do governo Bolsonaro foi a mesma apresentada por Dilma em 2015, antes do Acordo de Paris.
- Como a base de cálculo não foi atualizada, o Brasil poderia emitir até 2030 cerca de 400 milhões de toneladas de CO₂ a mais do que o prometido pela presidente petista.
Boi bombeiro
- Ao longo de 2020, Ricardo Salles; a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o presidente Jair Bolsonaro defenderam diversas vezes a tese do “boi bombeiro”. Eles tentaram convencer os brasileiros de que a pecuária ajudaria a proteger o meio ambiente.
- A informação é desmentida por dados do Inpe.
- Enquanto o governo defendia a tese, o Pantanal enfrentava um intenso surto de queimadas.
Ibama interrompe combate a incêndios
- Em outubro de 2020, o Ibama, sob a supervisão de Salles, determinou que todos os agentes de combate a incêndios no país retornassem às suas bases, em meio a incêndios no Pantanal.
- O órgão alegou que havia falta de recursos financeiros.
Apreensão de madeira ilegal
- Em 14 de abril, a Polícia Federal do Amazonas deflagrou a operação Operação Handroanthus, responsável pela apreensão de 226 mil m³ de madeira extraída de forma ilegal. O valor do material foi estimado em R$ 129 milhões.
- O delegado da PF Alexandre Saraiva apresentou, com base na operação, uma notícia-crime ao STF contra Ricardo Salles. Saraiva acusou o ministro, o senador Telmário Mota (PROS-RR), e Eduardo Bim de crimes ambientais, advocacia administrativa e organização criminosa.
- Saraiva afirmou que o ministro causou obstáculos à investigação de crimes ambientais.
- Logo após a apresentação da notícia-crime, Saraiva foi afastado da superintendência da PF no Amazonas, o que foi considerado uma retaliação.
Salles admite que tentou liberar madeira
- Em entrevista no dia 26 de abril, Ricardo Salles admitiu que atuou para liberar a madeira ilegal apreendida pela PF.
- O ministro ainda entregou parlamentares. Ele afirmou que a liberação havia sido solicitada por três deputados e quatro senadores. Salles citou os senadores de Roraima Telmário Mota (Pros) e Mecias de Jesus (Republicanos); o senador do Pará Zequinha Marinho (PSC) e o senador de Santa Catarina Jorginho Mello (PL-SC). O ministro ainda mencionou a deputada Carolina de Toni (PSL-SC).
- No dia 5 de maio, a juíza federal Mara Elisa Andrade determinou que a PF devolvesse parte da madeira apreendida na operação.
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