Quem é o ‘aloprado de Jair Bolsonaro’?
O auditor do TCU Alexandre da Silva Marques presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (17). O "aloprado de Jair Bolsonaro" terá que esclarecer a produção do "relatório paralelo" que serviu como base para o presidente afirmar que 50% das vítimas de Covid no Brasil em 2020 morreram de outras causas...
O auditor do TCU Alexandre da Silva Marques presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (17).
O “aloprado de Jair Bolsonaro“ terá que esclarecer a produção do “relatório paralelo” que serviu como base para o presidente afirmar que 50% das vítimas de Covid no Brasil em 2020 morreram de outras causas.
O auditor é bolsonarista de carteirinha e amigo da família Bolsonaro.
Saiba tudo sobre Alexandre da Silva Marques:
Carreira
Aos 42 anos, Alexandre Silva Marques é auditor do TCU desde 2008.
Ele nasceu no Rio de Janeiro e se formou em direito pela UFRJ e em Ciências Navais pela Escola Naval. O “aloprado de Bolsonaro” é primeiro-tenente fuzileiro naval reserva da Marinha.
Em Brasília, já trabalhou nos ministérios da Justiça e do Planejamento.
Desde março, o auditor ocupava o cargo de supervisor do Núcleo de Supervisão para o Aprimoramento das Atividades de Controle Externo, cujo salário é de 35 mil reais. O cargo não existia até o final de 2020, quando foi criado pelo TCU. Segundo integrantes da corte, a função da vaga é dar suporte a todas as auditorias realizadas pela corte.
Quase nomeação para o BNDES
Em 2019, Alexandre Silva Marques foi indicado para comandar a diretoria de compliance do BNDES. A sugestão foi de Eduardo Bolsonaro. O presidente do banco, Gustavo Montezano, é próximo da família Bolsonaro.
O então presidente do TCU, José Múcio Monteiro, chamou a atenção para o fato de que um servidor do tribunal não poderia ser cedido para uma instituição que pudesse ser alvo de apuração da Corte.
“O regimento não permite, é a coisa mais simples”, disse Múcio na época.
Depois de perceber que a autorização seria negada, o próprio presidente Jair Bolsonaro ligou para Múcio para pressionar pela indicação.
Bolsonaro e o pai de Alexandre Silva Marques, Ricardo Silva Marques, formaram-se no mesmo ano na Academia Militar das Aguhas Negras, em 1977. Assim que o presidente assumiu, Ricardo foi nomeado gerente executivo de Inteligência e Segurança Corporativa na Petrobras.
Redes Sociais
Nas redes sociais, o “aloprado de Jair Bolsonaro” costuma defender as teses do presidente.
Em 23 de dezembro de 2020, por exemplo, ele se referiu a João Doria, como “gestor de Miami“, ao comentar que os prefeitos da Baixada Santista iam manter o comércio aberto, contrariando a determinação do governador de São Paulo. Alexandre da Silva Marques ainda afirmou: “Chega de autoritarismo calça justa.”
O auditor também costuma postar vídeos em que dá opiniões pessoais.
Relatório paralelo
Às 18h39 do dia 6 de junho, um domingo, o auditor inseriu em um sistema interno do TCU texto de sua autoria que alertava para a possível supernotificação de mortes de Covid pelos estados. Na manhã seguinte, o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre o suposto documento a apoiadores no Palácio da Alvorada.
Segundo Bolsonaro, 50% das vítimas de Covid no Brasil em 2020 haviam morrido de outras causas. Ele afirmou que havia repassado o documentos a jornalistas com quem conversa.
Depois de ser desmascarado pelo TCU, o presidente mentiu diversas vezes nos dias subsequentes para tentar ajustar seu discurso. Ele chegou a afirmar que o suposto relatório em que se baseou na verdade foi uma tabela elaborada pelo próprio governo.
Como destacou a Crusoé, “o perfil do servidor afastado do TCU revela que, de fato, pode haver algo de muito mais podre na história“.
Histórico
1977 – Pai de Alexandre Silva Marques, Ricardo Silva Marques, forma-se na Academia Militar das Agulhas Negras, na mesma turma de Jair Bolsonaro.
1979 – Nasce Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, no Rio de Janeiro.
2008 – Torna-se auditor do TCU.
2015 – Alexandre muda-se para Jundiaí, no interior de São Paulo.
2019 – O auditor é indicado para comandar uma diretoria no BNDES, mas é vetado pelo então presidente do TCU. O pai, Ricardo Silva Marques, é nomeado gerente executivo de Inteligência e Segurança Corporativa na Petrobras.
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