Quem é Luiz Henrique Mandetta
Luiz Henrique Mandetta foi deputado federal por dois mandatos, entre 2011 e 2018, e ministro da Saúde durante o governo Bolsonaro...
Luiz Henrique Mandetta foi deputado federal por dois mandatos, entre 2011 e 2018, e ministro da Saúde durante o governo Bolsonaro.
Ele foi demitido no dia 16 de abril de 2020, em meio a discordâncias com o presidente a respeito das medidas de isolamento social.
Mandetta nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em 1964. É médico de formação, especialista em ortopedia pediátrica. Antes de entrar para a política, atuou como médico da Santa Casa de Campo Grande, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, médico militar no Hospital Geral do Exército e foi presidente da Unimed.
Em 2004, o primo de Mandetta Nelsinho Trad, hoje senador pelo PSD, foi eleito prefeito de Campo Grande e o ortopedista, nomeado secretário da Saúde da cidade.
Mandetta foi eleito deputado federal pelo DEM em 2010 e reeleito em 2014. Ao fim do segundo mandato, foi convidado pelo então presidente eleito Jair Bolsonaro para assumir o cargo de ministro da Saúde.
Enquanto ministro, teve desentendimentos com o presidente em meio à pandemia de Covid-19 e foi demitido.
Desde que deixou o governo, cogita-se a possibilidade de que Mandetta participe de uma chapa presidencial em 2022. Ele já sinalizou interesse e teve conversas com possíveis nomes com quem poderia se aliar, como Sergio Moro, João Amoedo e Luciano Huck.
Em fevereiro de 2021, o médico ganhou “carta branca” do DEM para construir sua candidatura ao Palácio do Planalto.
Em março, assinou um manifesto pela democracia ao lado de outros presidenciáveis defendendo uma “terceira via” contra Lula e Bolsonaro.
Linha do Tempo e Histórico Político
- 1964 – Nasce Luiz Henrique Mandetta, em Campo Grande.
- 1981 – Mandetta se muda para o Rio de Janeiro para cursar medicina na Universidade Gama Filho (UFG)
- 1989 – Mandetta conclui a faculdade de medicina.
- 1990 – O médico inicia sua especialização em ortopedia pediátrica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFSM)
- 1993 – Mandetta passa a atuar na Santa Casa de Campo Grande. O ortopedista foi médico militar tenente no Hospital Geral do Exército na cidade.
- 1995 – O ortopedista faz mais uma especialização em ortopedia pediátrica, dessa vez, pela Fellow da Emory University, em Atlanta, nos Estados Unidos.
- 1996 – Mandetta é admitido como médico adjunto no Hospital Universitário da UFMS, onde seria também professor.
- 1998 – Passa a atuar como conselheiro fiscal da Unimed.
- 2001 – O médico é eleito presidente da Unimed de Campo Grande
- 2003 – Mandetta se filia ao então PMDB.
- 2004 – O primo de Mandetta, Nelsinho Trad, é eleito prefeito de Campo Grande. O ortopedista é nomeado como secretário de Saúde da cidade.
- 2010 – Mandetta é eleito deputado federal pelo DEM do Mato Grosso do Sul.
- 2014 – É reeleito para o cargo.
- 2018 – O deputado é convidado por Jair Bolsonaro para ser ministro da Saúde.
- 2019 – Surge o coronavírus.
- 2020 – Mundo vive uma pandemia em decorrência da Covid-19. O agravamento da crise no Brasil gera atritos entre Mandetta e Jair Bolsonaro. O ministro é demitido por não concordar com as posições do presidente, contrário às medidas de isolamento social. Ventila-se o nome de Mandetta como um possível candidato à presidência em 2022. Ele se reúne com possíveis nomes com os quais poderia formar uma chapa.
- 2021 – Mandetta recebe aval do DEM para trabalhar sua candidatura.
Investigação por suspeita de crimes enquanto era secretário
Luiz Henrique Mandetta é investigado por crimes relacionados à aquisição e à instalação de um sistema de informática enquanto era secretário da Saúde de Campo Grande e seu primo, Nelsinho Trad, prefeito, entre 2005 e 2010.
A instalação do sistema custou quase R$ 10 milhões aos cofres públicos federais e municipais. Uma auditoria da CGU apontou um prejuízo de cerca de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos por serviços não executados.
A investigação foi proposta pela PGR, em 2015, e tocada pela Polícia Federal, com o objetivo de descobrir se Mandetta incorreu em crimes da lei de licitações, crimes praticados por particular contra a administração em geral e tráfico de influência
Após a quebra do sigilo bancário, relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou movimentações financeiras suspeitas no valor de R$ 12,8 milhões nas contas bancárias de Mandetta, entre janeiro de 2009 e julho de 2016.
Mandetta alega que as acusações são infudadas.
O que Luiz Henrique Mandetta fez no governo?
No comando do Ministério da Saúde, Luiz Henrique Mandetta teve de enfrentar o início da pandemia de Covid-19. Sua postura causou desentendimentos com o presidente Jair Bolsonaro.
Desde o início, as recomendações da pasta foram em defesa do isolamento social e do uso de máscaras. Bolsonaro, no entanto, promoveu aglomerações e ridicularizou a pandemia.
Desobedecendo a orientação do ministro, o presidente incentivou e participou de uma manifestação contra o Congresso no dia 15 de março. Uma semana depois, Bolsonaro fez um discurso em rede de rádio e televisão em que chamou a Covid-19 de “gripezinha” e disse que não sofreria com os sintomas da doença por ter histórico de atleta.
No fim de março, Bolsonaro começou a defender o “isolamento vertical”, isto é, limitar as medidas restritivas apenas às pessoas em grupos de risco. O posicionamento ia na contramão do que dizia Mandetta.
Nesse contexto, o presidente passou a defender o uso da hidroxicloroquina em pacientes infectados com o coronavírus, mesmo sem comprovação científica sobre a eficácia do remédio. O ministro se recusava a adotar essa recomendação.
Luiz Henrique Mandetta deixou o governo no dia 16 de abril e foi substituído por Nelson Teich.
Linha do Tempo de Luiz Henrique Mandetta como ministro da Saúde
2018
Outubro: Jair Bolsonaro é eleito presidente e começa a formar sua equipe de governo.
Novembro: Bolsonaro convida o então deputado Luiz Henrique Mandetta para ocupar o Ministério da Saúde. O ortopedista foi o terceiro nome do DEM escolhido para compor o primeiro escalão do governo, ao lado de Tereza Cristina e Onyx Lorenzoni.
2019
Janeiro: Mandetta assume
Dezembro: São registrados os primeiros casos de Covid-19 na China.
2020
Janeiro: OMS publica primeiro comunicado sobre a doença, relatando 44 infectados em Wuhan.
Primeiro código genético do vírus é divulgado.
Fevereiro:
11/02 – Trinta e quatro brasileiros que estavam em Wuhan são repatriados pelo governo em uma megaoperação do Exército e ficam 14 dias na Base Aérea de Anápolis em Goiás.
20/02 – Ministério da Saúde começa a monitorar casos suspeitos de Covid-19. Surto de coronavírus se espalha pelo mundo.
26/02 – Logo após o carnaval, é confirmado o primeiro caso de infecção por coronavírus no Brasil. Cento e trinta e dois estão sob suspeita.
Março:
11/03 – Número de casos confirmados de Covid-19 no Brasil aumenta. OMS declara pandemia. Ministério da Saúde começa a regulamentar os primeiros critérios de isolamento social.
12/03 – Jair Bolsonaro chama coronavírus de “fantasia”, durante comitiva nos Estados Unidos. Pelo menos 22 duas pessoas que estavam com o presidente se contaminaram com o vírus.
15/03 – Bolsonaro participa de manifestação contra o Congresso Nacional e causa uma série de aglomerações. O Presidente incentivou, em rede nacional, que protesto acontecesse, contra a orientação de Mandetta. Em entrevista, Bolsonaro afirma: “se eu me contaminei, é responsabilidade minha.”
17/03 – Morre o primeiro paciente vítima de Covid-19 no Brasil. O país tem cerca de 500 infectados. Diante de apoiadores no Palácio da Alvorada, Bolsonaro profetiza “a extinção do coronavírus”.
18/03 – Jair Bolsonaro e seus ministros realizam uma coletiva (todos de máscara) para detalhar as ações do governo durante a pandemia.
20/03 – Bolsonaro diz: “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me matar”.
22/03 – Estados começam a implementar medidas de isolamento social. Brasil registra 25 mortes por Covid-19.
24/03 – Bolsonaro realiza discurso em rede de rádio e televisão e afirma que Covid-19 é uma “gripezinha” e que não sofria com sintomas da doença por ter “histórico de atleta”. O presidente se posiciona contra medidas de isolamento social. Presidente passa a defender o “isolamento vertical”.
25/03 – Bolsonaro diz que cloroquina é “100%” eficiente.
28/03 – Brasil ultrapassa a marca de 100 mortes em decorrência do coronavírus.
31/03 – Ministro da Casa Civil, Walter Braga Neto, diz: “não existe a hipótese de demitir o ministro Mandetta, no momento”.
Abril:
02/04: Bolsonaro: “Tá faltando humildade para o Mandetta. Em algum momento, ele estrapolou”.
03/04: Número de mortes ultrapassa a marca de 300.
05/04: Bolsonaro: “A hora dele não chegou ainda, vai chegar a hora dele”.
06/04: Jair Bolsonaro ameaça demitir Luiz Henrique Mandetta mas volta atrás.
Mandetta: “médico não abandona paciente”.
09/02: Em live, Bolsonaro defende cloroquina. Diz que, se o médico não quiser receitar cloroquina, o paciente pode trocar de médico.
Presidente manda indireta para Mandetta: “médico não abandona paciente, mas paciente pode trocar de médico”.
10/04: Número de mortes por Covid-19 ultrapassa a marca de 1000.
11/04 – Bolsonaro causa aglomerações durante a inauguração de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, Mandetta estava presente.
12/04 – Bolsonaro: “parece que está começando a ir embora a questão do vírus”.
Mandetta dá entrevista ao Fantástico e diz que a postura do presidente, contrária às orientações médicas, atrapalha a população.
16/04 – Luiz Henrique Mandetta é demitido. Oncologista Nelson Teich assume.
Possível candidatura para 2022
Desde que saiu do Ministério da Saúde, Mandetta tem dado entrevistas em que comenta os possíveis cenários eleitorais para 2022. O ex-ministro defende a necessidade do surgimento de uma terceira via, diante de um cenário polarizado entre Jair Bolsonaro e o PT.
Mandetta já sinalizou o interesse em se candidatar à presidência. Teve encontros com possíveis aliados para o pleito, como Sergio Moro, Luciano Huck e João Amoedo.
Em julho do ano passado, Mandetta confirmou que toparia uma parceria com Moro em uma chapa presidencial em 2022. No entanto, disse que não aceitaria concorrer a vice. Segundo ele, Moro não tem tanto traquejo político, como foi comprovado em sua saída do governo.
Em fevereiro de 2021, o DEM deu “carta branca” a Mandetta para construir uma candidatura à presidência em 2022. No entanto, existe a possibilidade de que o partido simplesmente abandone a ideia e apoie a reeleição de Jair Bolsonaro.
Durante a eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, o DEM, que apoiava o candidato Baleia Rossi, do MDB, declarou neutralidade na última hora. Isso sacramentou a vitória do então candidato Arthur Lira, do PP, apoiado pelo governo. A decisão foi considerada uma traição pelos emedebistas e por uma ala do DEM, sobretudo por Rodrigo Maia.
Em março de 2021, uma pesquisa do Atlas Político indicou que Mandetta é a figura política com a melhor imagem do Brasil. De acordo com o instituto, o ex-ministro tem 40% de aprovação e 40% de rejeição. Apesar de ter apenas 4,3% dos votos em um primeiro turno, a projeção indica que ele venceria Bolsonaro em um segundo turno por quase 10 pontos percentuais.
Em entrevista ao Papo Antagonista, no dia 15 de março, Mandetta afirmou que está dialogando com outras figuras políticas em busca de uma chapa de centro para disputar as eleições de 2022.
Em abril de 2021, Luiz Henrique Mandetta, João Doria, Eduardo Leite, João Amoêdo, Luciano Huck e Ciro Gomes divulgaram um manifesto em defesa da democracia e de uma terceira via nas eleições de 2022, diante de um provável cenário polarizado entre Lula e Jair Bolsonaro.
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