Google compra mais uma operação de startup brasileira
O crescente mercado de IA está testemunhando uma nova tendência de negócios: acordos de licenciamento entre startups e grandes empresas de tecnologia.
Em 2022, Noam Shazeer e Daniel de Freitas tomaram uma decisão ousada: deixaram seus cargos no Google, onde desenvolviam inteligência artificial, para fundar a Character.AI, uma startup de chatbot. Eles conseguiram levantar quase US$ 200 milhões. Na semana passada, Shazeer e De Freitas anunciaram seu retorno ao Google, levando junto cerca de 20% dos funcionários da Character.AI e trazendo consigo a tecnologia da startup.
Contudo, o Google não comprou a Character.AI. Em vez disso, a gigante da tecnologia firmou um acordo para licenciar a tecnologia da startup por US$ 3 bilhões. Cerca de US$ 2,5 bilhões desse valor irão para os acionistas, sendo que Shazeer, que possui entre 30% e 40% da empresa, receberá entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. O restante da empresa continuará a operar sem seus fundadores e principais investidores.
A Estratégia do Google com a Character.AI
O acordo entre Google e Character.AI não é um caso isolado. Empresas como Google, Amazon, Meta, Apple e Microsoft estão recorrendo a estruturas de negócio mais complexas para startups de IA a fim de evitar a compra direta. Segundo especialistas, essa manobra visa contornar a regulação antitruste que está cada vez mais rígida nos EUA e em outros países.
A tendência desses acordos começou em março de 2023, quando a Microsoft pagou mais de US$ 650 milhões à startup Inflection apenas para licenciar sua tecnologia, contratando quase todos os seus funcionários. A Amazon seguiu a mesma estratégia em junho de 2023 ao fechar um acordo com a startup Adept por cerca de US$ 330 milhões.
Como essas Transações Impactam as Startups?
Essas transações incomuns permitem que os fundadores e investidores das startups recuperem rapidamente o dinheiro investido e ainda continuem a trabalhar em seus projetos com os recursos das grandes empresas. No entanto, esses acordos também deixam para trás funcionários e certas áreas das startups, gerando descontentamento entre alguns investidores e empreendedores.
Por exemplo, na Character.AI, Dominic Perella assumiu como CEO interino, enquanto a Adept e a Inflection contratam novos CEOs e tentam direcionar a empresa da melhor forma possível sem seus fundadores e grande parte de seus funcionários.
Quais são os Benefícios e Desafios desses Acordos de Licenciamento?
Os principais benefícios são a rápida recuperação do dinheiro investido e a continuidade do trabalho dos fundadores com recursos abundantes. No entanto, esses acordos deixam “empresas órfãs”, como mencionado por Sebastian Thrun, pesquisador de IA, tornando o futuro dessas startups incerto. Além disso, as regulações cada vez mais estritas aumentam a complexidade dos negócios, exigindo transparência e avaliações rigorosas.
O Que Esperar do Futuro dos Negócios de IA?
Com o mercado de IA crescendo rapidamente, é esperado que mais acordos semelhantes surjam. Muitas startups estão levantando grandes quantias com objetivos ambiciosos, e as grandes empresas de tecnologia continuam ávidas para adquirir talentos, ideias e produtos. Porém, nem todas essas startups se tornarão a próxima OpenAI ou Google. A capacidade de se adaptar a essa nova realidade de negócio, ao mesmo tempo em que navega por regulações complexas, será fundamental para determinar o sucesso dessas empresas.
Em resumo, o Vale do Silício está vivendo uma nova era de negócios de IA. Os acordos de licenciamento se tornaram uma tendência, permitindo às startups continuar desenvolvendo suas tecnologias enquanto os fundadores e investidores obtêm retornos financeiros significativos. Contudo, os desafios são inúmeros e envolverão equilíbrio entre inovação, regulamentação e adaptação às novas estruturas de negócios.
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