Ferrari promete modelo elétrico para 2025
A Ferrari vê a eletrificação automotiva como uma oportunidade para atrair um novo tipo de cliente: o ambientalista rico
Com um investimento de € 200 milhões, a nova fábrica de carros elétricos da Ferrari, que começou a operar no mês passado, simboliza uma nova era para a renomada marca italiana. Nesta fábrica, engenheiros em uniformes vermelho-cereja adicionam componentes como blocos de motor, painéis e volantes, transformando essas estruturas em veículos híbridos. O próximo passo será a produção de carros totalmente elétricos.
Segundo reportagem do The New York Times, a nova fábrica da Ferrari, quase duas vezes maior que o Coliseu de Roma, visa posicionar a fabricante de carros esportivos, com seus 77 anos de história, na vanguarda da eletrificação automotiva. A transição ocorre em um momento delicado para a indústria automotiva, enfrentando altos custos e uma desaceleração da demanda global.
Outras montadoras de luxo também enfrentam dificuldades com veículos elétricos. Mercedes-Benz e Lamborghini reduziram suas expectativas, enquanto a Tesla registrou uma queda nas vendas do segundo trimestre. A Ford Motor anunciou em abril que focaria mais em híbridos devido às perdas com veículos elétricos. Além disso, uma guerra comercial crescente entre China e Ocidente ameaça sufocar o crescimento do setor.
Primeiro modelo elétrico da Ferrari
Apesar dos desafios, a Ferrari vê a eletrificação como uma oportunidade para atrair um novo tipo de cliente: o ambientalista rico. A empresa pretende revelar seu primeiro modelo totalmente elétrico no quarto trimestre do ano que vem. Para melhorar o design do carro, a Ferrari recrutou a LoveFrom, agência fundada por Jony Ive, ex-chefe de design da Apple, e pelo designer industrial Marc Newson.
Ainda há muito mistério em torno do novo carro, incluindo a duração da bateria e seu som característico. A Ferrari não divulgou o design, a quantidade a ser produzida ou o preço do modelo. Analistas, no entanto, acreditam que será um dos veículos elétricos mais caros do mercado, superando o Porsche Taycan Turbo GT, que custa US$ 286 mil.
Convencer os entusiastas dos motores a combustão sobre o valor de um Ferrari elétrico será um desafio. A indústria automotiva espera que um fabricante demonstre que os veículos elétricos podem ser altamente lucrativos. A expectativa é que o EV da Ferrari mantenha a valorização de preço tradicional da marca.
Benedetto Vigna, CEO da Ferrari, afirmou ao jornal nova-iorquino que a produção em larga escala de veículos elétricos começará no início de 2026. Até 2030, a empresa espera que carros elétricos e híbridos representem até 80% de sua produção anual, alinhando-se às rigorosas normas de emissões da União Europeia. A nova fábrica já está produzindo dois modelos: o SF90 Stradale (foto), um híbrido plug-in, e o Purosangue, com motor a combustão.
Desempenho Financeiro
A Ferrari continua a obter resultados financeiros sólidos. Sob a liderança de Vigna, ex-executivo da fabricante de chips STMicroelectronics, a empresa tem se destacado. Suas ações são algumas das mais valorizadas na Europa, com um valor de mercado de aproximadamente US$ 75 bilhões, superior ao da Ford e da General Motors. A demanda por seus modelos continua alta, com listas de espera de até três anos.
O sucesso da Ferrari na Fórmula 1 também contribuiu para patrocínios lucrativos e um comércio de mercadorias florescente, transformando a marca em um símbolo de luxo com um toque esportivo. O logotipo do cavalo empinado adorna roupas de alta qualidade, como suéteres de cashmere que custam cerca de US$ 850.
Vigna vê o veículo elétrico como uma parte crucial da estratégia de crescimento da Ferrari. Ele acredita que existem potenciais clientes que só se juntarão à família Ferrari se houver um carro elétrico. Contudo, a transição não será fácil. A preocupação com a degradação da bateria e seu impacto no valor de longo prazo dos carros é uma questão para os clientes da marca.
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