Astronautas presos em estação não têm data para retorno à Terra
Os dois astronautas que estão a bordo da nave Starliner da Boeing na Estação Espacial Internacional deveriam ter volta há quase 50 dias
A Nasa e a Boeing informaram em uma coletiva de imprensa, nesta quinta-feira, 25, que ainda não há previsão de retorno para os astronautas Butch Wilmore (foto à direita) e Suni Williams (foto à esquerda). Ambos ex-pilotos de teste da Marinha dos Estados Unidos e atualmente funcionários da Nasa, estão a bordo da nave Starliner, cuja missão, prevista para durar oito dias, já se estende por 50 devido a uma série de problemas técnicos.
Segundo reportagem do O Globo, a agência espacial americana anunciou que concluiu testes em solo do Sistema de Controle de Reação (RCS) para entender melhor as anomalias observadas durante o acoplamento da Starliner à Estação Espacial Internacional (ISS). Os dados ainda estão sendo avaliados pela Nasa e Boeing, e uma decisão sobre o retorno dos astronautas será tomada em breve.
“Estamos progredindo significativamente, mas ainda não estamos prontos para trazer os astronautas de volta“, afirmou Steve Stich, gerente do programa comercial tripulado da Nasa. Ele acrescentou que novos testes serão realizados em 27 dos 28 propulsores RCS da Starliner, o que permitirá examinar as taxas de vazamento de hélio, uma questão que não era verificada há seis semanas.
Stich também confirmou que as baterias da Starliner, inicialmente aprovadas para funcionar por 45 dias, tiveram sua vida útil estendida para 90 dias. “Isso nos dá tempo até aproximadamente o início de setembro. Realizaremos uma revisão pela agência assim que estivermos prontos, possivelmente no final da próxima semana“, disse.
Astronautas estão confiantes
Em uma transmissão recente, os astronautas Butch e Suni expressaram confiança em um retorno seguro, apesar dos desafios enfrentados pela Starliner desde seu lançamento em 5 de junho. “Confiamos que os testes que estamos realizando são os necessários para obter as respostas certas e os dados para voltar à Terra“, disse Butch Wilmore. “Estou confiante de que a espaçonave nos trará de volta para casa sem problemas“, completou Suni Williams.
Em 26 de junho, a Nasa afirmou que os astronautas não estão “presos” no espaço e que o adiamento de sua partida da ISS é necessário para uma avaliação completa dos problemas técnicos da Starliner. Os problemas estão localizados no módulo de serviço da nave, uma seção que é descartada durante o retorno à Terra, necessitando de exame enquanto a nave ainda está no espaço.
Stich enfatizou que não há pressa em trazer os astronautas de volta, e tanto a Boeing quanto a Nasa afirmaram anteriormente que a Starliner pode permanecer acoplada à ISS por até 45 dias.
A nave decolou da Flórida em um foguete Atlas V da United Launch Alliance em 5 de junho, após anos de atrasos e problemas de segurança, incluindo duas tentativas de lançamento abortadas.
Wilmore e Williams são a primeira tripulação a voar na Starliner, que a Nasa e a Boeing esperam certificar para viagens regulares à ISS, função desempenhada pela SpaceX de Elon Musk nos últimos quatro anos. “Queremos dar às nossas equipes mais tempo para analisar os dados e garantir que estamos realmente prontos para voltar para casa“, explicou Steve Stich.
Problemas da Starliner
A acoplagem inicial na ISS foi atrasada por mais de uma hora devido a falhas nos propulsores da Starliner, essenciais para manobras finas. Antes do lançamento, já se sabia de um vazamento de hélio que afetava a nave. Durante o voo, surgiram outros vazamentos, que complicaram ainda mais a missão.
Problemas iniciais em novas espaçonaves não são incomuns. O programa do Ônibus Espacial enfrentou desafios similares em seus primeiros dias, assim como o programa Dragon da SpaceX no início dos anos 2010.
A Starliner é apenas o sexto tipo de nave espacial construída nos EUA para transportar astronautas da Nasa, seguindo os programas Mercury, Gemini e Apollo nas décadas de 1960 e 1970, o Ônibus Espacial de 1981 a 2011, e a Crew Dragon da SpaceX desde 2020.
Os EUA dependeram dos foguetes russos Soyuz para ir à ISS entre 2011 e 2020. O programa da Boeing enfrentou diversos contratempos, desde um bug de software que colocou a nave em uma trajetória errada no primeiro teste não tripulado, até a descoberta de fita elétrica inflamável na cabine após o segundo teste.
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