“A geração ansiosa” expõe efeitos devastadores dos smartphones nos adolescentes
O autor esclarece que os adolescentes são particularmente vulneráveis aos efeitos prejudiciais das redes sociais devido ao desenvolvimento cerebral
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O renomado pesquisador americano Jonathan Haidt expôs em um estudo aprofundado os graves impactos que os smartphones têm sobre a saúde mental da geração nascida após 1995, também conhecida como Geração Z.
Seu livro intitulado “A geração ansiosa: como a infância hiperconectada está causando uma epidemia de transtornos mentais”, que se tornou um best-seller nos Estados Unidos e foi lançado no Brasil em 2024, traz à tona questões prementes sobre a relação entre jovens e tecnologia.
Haidt, que já havia abordado os problemas gerados pelo “wokismo” nas universidades em sua obra anterior “The Coddling of the American Mind”, destaca como a crescente dependência de dispositivos móveis e redes sociais tem afetado negativamente o bem-estar emocional dos adolescentes.
O autor argumenta que essa nova geração está imersa em um ambiente digital que prioriza a conexão virtual em detrimento das interações sociais reais.
Os jovens têm passado quase 40 horas por semana conectados às redes sociais, sem que nenhuma pesquisa substancial tenha sido realizada pelas empresas de tecnologia sobre as consequências disso.
A falta de um estudo abrangente sobre o impacto da vida digital na infância faz com que essa geração atue como cobaias em um experimento sem precedentes.
Depressão e ansiedade
Os números são alarmantes: desde 2010, houve um aumento significativo nos casos de depressão e ansiedade entre adolescentes americanos, com um aumento de 145% na depressão entre meninas e 161% entre meninos.
O suicídio juvenil também apresentou um crescimento preocupante, especialmente entre as jovens, que viram suas taxas aumentarem em 167% desde 2008.
Outro dado chocante é o aumento de 188% nas visitas a serviços de emergência por automutilação entre meninas desde 2010.
Adolescentes são mais vulneráveis
O autor esclarece que os adolescentes são particularmente vulneráveis aos efeitos prejudiciais das redes sociais devido ao desenvolvimento cerebral.
O córtex pré-frontal, responsável pelo autocontrole e pela resistência à tentação, ainda está em formação nessa fase da vida. Além disso, durante a puberdade, a plasticidade cerebral aumenta, tornando os jovens mais suscetíveis à comparação social, especialmente nas plataformas digitais.
Os efeitos adversos dos smartphones incluem a diminuição das interações sociais face a face, insônia generalizada, fragmentação da atenção e dependência tecnológica.
Meninos e meninas
A Geração Z enfrenta uma epidemia de doenças mentais, sendo os impactos diferentes para meninos e meninas.
As meninas tendem a ser mais afetadas pelas redes sociais devido à pressão estética e comparativa do Instagram, enquanto os meninos frequentemente se tornam viciados em jogos eletrônicos e pornografia.
Haidt ressalta um paradoxo contemporâneo: enquanto os pais superprotegem seus filhos no mundo físico, eles falham em protegê-los adequadamente no ambiente virtual.
Essa contradição é alarmante, uma vez que o mundo digital se tornou um espaço propício para a exploração sexual e outras formas de predadores.
Jogo livre
A conclusão do pesquisador enfatiza a importância do jogo livre na formação da identidade dos jovens.
Ele propõe a reintrodução de rituais de passagem para ajudar na transição da adolescência para a vida adulta, algo que foi abandonado em muitas sociedades contemporâneas.
Do ponto de vista político, Haidt defende medidas rigorosas para limitar o acesso dos jovens às redes sociais como forma de mitigar essa crise sanitária crescente.
A proposta inclui elevar a idade mínima para acesso digital para 16 anos e exigir verificações reais de idade nas plataformas.
Além disso, ele sugere que as escolas adotem políticas rigorosas contra o uso de smartphones durante o horário escolar.
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