Arquitetura que adoece: como as cidades afetam nossa saúde
Novas pesquisas revelam como o ambiente urbano pode contribuir para doenças como depressão e diabetes
Um estudo divulgado recentemente pelo Urban Realities Laboratory da Universidade de Waterloo, no Canadá, aponta que o design urbano pode influenciar diretamente a saúde física e mental dos habitantes.
Pesquisas realizadas em cidades como Lisboa, Londres, Copenhague e Michigan reforçam que bairros com fachadas monótonas e baixa integração com a natureza impactam negativamente a qualidade de vida dos moradores.
De acordo com a pesquisa, o aumento das doenças crônicas, como depressão, câncer e diabetes, em ambientes urbanos está relacionado à falta de planejamento que priorize o bem-estar humano. Estudos anteriores já haviam identificado correlações entre áreas urbanas arborizadas e melhor saúde física.
Agora, novas ferramentas de neurociência, como dispositivos que monitoram respostas fisiológicas a ambientes urbanos, permitem mapear os impactos psicológicos e fisiológicos dos espaços em tempo real.
O projeto eMOTIONAL Cities, financiado pela União Europeia, é um exemplo notável dessa abordagem. Ele investiga como diferentes ambientes urbanos afetam o comportamento e as emoções humanas.
Um estudo conduzido pela pesquisadora Cleo Valentine, da Universidade de Cambridge, explora como a arquitetura pode influenciar a inflamação cerebral, sugerindo uma ligação direta entre saúde mental e estética urbana.
Essas descobertas já começaram a moldar projetos arquitetônicos. Na França, o Alzheimer’s Village, projetado pelo escritório dinamarquês NORD Architects, utilizou dados cognitivos para criar um ambiente mais amigável e menos estressante para pacientes.
Além da arquitetura, líderes municipais começam a considerar a saúde como métrica para desenvolvimento econômico. Em Londres, a prefeita de Newham, Rokhsana Fiaz, incluiu o bem-estar em suas estratégias econômicas. Especialistas defendem que incluir dados neurocientíficos em planejamentos urbanos pode transformar a experiência das cidades, tornando-as mais saudáveis e vibrantes.
Com o avanço das tecnologias e metodologias, espera-se que projetos futuros considerem cada vez mais o impacto dos ambientes urbanos na saúde pública. Este cenário aponta para um futuro onde a arquitetura e o planejamento urbano caminharão lado a lado com a ciência para promover cidades mais acolhedoras e humanas.
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