Witzel ainda pode salvar o Rio… e o Brasil
Em 17 de dezembro de 2019, publiquei que Daniel Gomes da Silva, ex-controlador da Cruz Vermelha, e a secretária Michele Louzada Cardozo, ambos delatores da Operação Calvário, haviam relatado ao Ministério Público o pagamento de R$ 115 mil para suposto caixa 2 da campanha de Wilson Witzel. O dinheiro teria sido solicitado...
Em 17 de dezembro de 2019, publiquei que Daniel Gomes da Silva, ex-controlador da Cruz Vermelha, e a secretária Michele Louzada Cardozo, ambos delatores da Operação Calvário, haviam relatado ao Ministério Público o pagamento de R$ 115 mil para suposto caixa 2 da campanha de Wilson Witzel.
O dinheiro teria sido solicitado por Robson dos Santos França, conhecido como Robinho, assessor de Arolde de Oliveira (PSD), que apoiou a eleição de Witzel para o governo do Rio de Janeiro e foi eleito senador ao lado de Flávio Bolsonaro.
Defensor da cloroquina, Arolde morreu de Covid em outubro de 2020. O caso nunca foi esclarecido.
Em conversas por aplicativo entregues por Daniel Gomes, Robinho teria dito que a ajuda financeira era fundamental para garantir a vitória do ex-juiz no segundo turno. E que, em troca, o então controlador da Cruz Vermelha teria “bastante espaço para trabalhar” num eventual governo. O relato foi confirmado por Michele, responsável pelas entregas de dinheiro.
Um indício desse “espaço para trabalhar” foi trazido à tona em outra reportagem (“Empresa citada na Operação Calvário venceu contrato de 318 milhões da Loterj de Witzel”). Após a publicação, a Loterj cancelou o contrato.
Os delatores da Calvário disseram ao Ministério Público também que Coriolano Coutinho, irmão do ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho e operador financeiro do esquema de corrupção, era o verdadeiro dono da empresa e que a cúpula nacional da Cruz Vermelha Brasileira (CVB) tinha ciência do esquema de propinas.
Segundo eles, parte da “excelente receita” obtida pela raspadinha ilegal teria sido repassada a “Júlio Cals Alencar e Victor Hugo Costa Cabral“, presidente e vice-presidente da Cruz Vermelha Brasileira, respectivamente.
Mas o Ministério Público parece ter esquecido de investigá-los.
Desde então, Júlio Cals fortaleceu seus vínculos com o governo Bolsonaro, se aproximando do programa Pátria Voluntária, de Michelle Bolsonaro, e do Ministério da Saúde de Marcelo Queiroga, cujos hospitais da família na Paraíba têm um passado de parcerias com a CVB — uma delas já questionada pelo tribunal de contas.
A CPI da Covid poderia aproveitar a presença de Witzel para tentar esclarecer alguns desses pontos.
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