Wilson Lima, de aliado de Bolsonaro a boi de piranha
Wilson Lima era o queridinho do Palácio do Planalto, pelo menos até a abertura da CPI da Covid. Mesmo investigado, recebeu os filhos de Jair Bolsonaro várias vezes em Manaus, inaugurou ao lado do presidente um centro de convenções e chegou a homenageá-lo com o título de "cidadão do Amazonas"...
Wilson Lima era o queridinho do Palácio do Planalto, pelo menos até a abertura da CPI da Covid. Mesmo investigado, recebeu os filhos de Jair Bolsonaro várias vezes em Manaus, inaugurou ao lado do presidente um centro de convenções e chegou a homenageá-lo com o título de “cidadão do Amazonas”.
Enquanto Wilson Witzel foi logo afastado do governo do Rio a pedido da PGR e virou réu no STJ por desvios de recursos da pandemia, Wilson Lima vinha sendo poupado.
Na primeira denúncia que apurou a compra de respiradores numa loja de vinhos, a subprocuradora Lindôra Araújo chegou a dizer que o governador do Amazonas comandava o esquema, mas nunca pediu sua prisão ou afastamento.
O erro de Lima foi ter permitido que a pandemia se agravasse no estado a ponto de obrigar uma ação mais efetiva do governo federal. O crime de Lima foi ter arrastado Bolsonaro para a crise de Manaus, criando um fato determinado para a abertura da CPI.
Na semana passada, quando os senadores aprovaram a convocação de governadores, Wilson Lima comentou com interlocutores que estava se sentindo abandonado, traído até. E já esperava o pior.
Hoje, enquanto a Polícia Federal batia em sua porta, o STJ se preparava para torná-lo réu no caso dos respiradores. Mas o julgamento acabou adiado por um recurso do advogado Nabor Bulhões, que entrou na defesa do governador.
Era uma bomba relógio destinada a sedimentar a tese de que a CPI precisa investigar estados e municípios, estratégia cantada por Bolsonaro desde o início para diluir a responsabilidade do governo federal na pandemia.
O objetivo não foi alcançado totalmente, pois o noticiário da operação da PF acabou eclipsado também pelo depoimento contundente da médica Luana Araújo, que expôs definitivamente o negacionismo bolsonarista responsável por boa parte dos mais de 460 mil mortos.
É preciso ressaltar que Wilson foi alvo de buscas, quebras de sigilos e bloqueio de bens, mas não foi preso e nem a PGR pediu seu afastamento do cargo, embora o STJ tenha determinado a prisão do terceiro secretário de Saúde do estado na gestão do governador.
Tratou-se, portanto, de uma explosão controlada, uma bomba de efeito moral.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)