Um novo caminho se abre para Carluxo: ser escritor de autoajuda
Acabei de ler o livrinho recém-lançado de Carluxo, Redes Sociais e Jair Bolsonaro - O Começo de Tudo. Digo livrinho somente porque ele é curto, são 52 páginas de letras grandes. Poderia também dizer livrão, pelo preço: R$ 54,90. Não há nenhum juízo de valor nessas observações...
Acabei de ler o livrinho recém-lançado de Carluxo (foto), Redes Sociais e Jair Bolsonaro – O Começo de Tudo. Digo livrinho somente porque ele é curto, são 52 páginas de letras grandes. Poderia também dizer livrão, pelo preço: R$ 54,90. Não há nenhum juízo de valor nessas observações. São informações puras, para usar uma expressão apreciada pelo autor.
No finalzinho do texto, Carluxo anuncia que pretende escrever outras obras para “dissecar” o que tratou de forma resumida neste primeiro livro. Se você acha que vou desincentivar o autor, está enganado. Carluxo dominou a linguagem dos livros de autoajuda tão bem quanto o ChatGPT seria capaz de fazer. Ele pode facilmente se tornar um coach de vida. “Este livro é uma homenagem ao poder da autenticidade e à capacidade de cada indivíduo de fazer a diferença”, escreve ele logo no começo. Chega a ser bonito.
Não vou reclamar sequer da visão desencantada que Carluxo tem da imprensa. Ele diz que criou o blog Família Bolsonaro em 2009 para desafiar “as narrativas negativas da mídia” e proporcionar “uma perspectiva alternativa sobre os acontecimentos”. Ele poderia dar alguns exemplos, para o leitor entender do que se trata. Mas tudo bem. Segundo Carluxo, “a abordagem positiva para os temas não era apenas uma estratégia, mas uma filosofia que simplesmente transbordava o coração”. Longe de mim querer deter o que transborda do coração de Carluxo.
Eu dou a maior força para Carluxo se ele quiser se transformar em um guru de autoajuda. Vai com tudo. Também dou meu apoio a quem quiser assistir as palestras e comprar os livros ou cursos que ele vier a fazer. Só tenho uma condição: que Carluxo use esse talento que descobriu dentro de si para lidar com os problemas clássicos da autoajuda, como carreira, relacionamentos e bem estar pessoal. Se ele quiser tocar a alma de indivíduos isolados, está tudo ótimo. Se indivíduos isolados quiserem ter a sua alma tocada por Carluxo, o risco é deles e também está valendo.
O autor só não pode insistir em liderar um movimento radical nas redes sociais, disposto a coagir os militares a dar um golpe de Estado para impor a todos a visão “positiva”, “confiável” e “balanceada” que o clã Bolsonaro tem da realidade. Impor essa visão, inclusive, àqueles que jamais comprariam o livro de Carluxo.
Carluxo na vida privada, vai quem quer. Carluxo na política, nós já vimos no que dá. O estrago é grande demais.
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