Sobre o ataque a Míriam Leitão
A jornalista Míriam Leitão foi alvo de um comentário asqueroso do deputado Eduardo Bolsonaro (foto) no Twitter, depois de ela ter publicado um artigo em O Globo, ontem cedo, no qual critica a Terceira Via por tratar Lula e Jair Bolsonaro como iguais. Míriam Leitão afirma que "não há dois extremistas na disputa (eleitoral), mas apenas um, Jair Bolsonaro. Semana passada, Bolsonaro provou que ele é um perigo para a democracia. Atacou ministros do STF com palavrões, defendeu a ditadura, colocou em dúvida as urnas eletrônicas, elogiou um parlamentar delinquente...
A jornalista Míriam Leitão foi alvo de um comentário asqueroso do deputado Eduardo Bolsonaro (foto) no Twitter, depois de ela ter publicado um artigo em O Globo, ontem cedo, no qual critica a Terceira Via por tratar Lula e Jair Bolsonaro como iguais. Míriam Leitão afirma que “não há dois extremistas na disputa (eleitoral), mas apenas um, Jair Bolsonaro. Semana passada, Bolsonaro provou que ele é um perigo para a democracia. Atacou ministros do STF com palavrões, defendeu a ditadura, colocou em dúvida as urnas eletrônicas, elogiou um parlamentar delinquente. Na economia, Lula e Bolsonaro às vezes se parecem. Na questão institucional, não. Basta se perguntar quantas vezes os comandantes das três forças, nos governos do PT e do PSDB, se sentiram estimulados a soltar uma nota tão desavergonhada quanto essa do dia 31 de março”.
Em reação ao artigo da jornalista, Eduardo Bolsonaro retuitou Míriam Leitão, com o seguinte comentário: “Ainda com pena da cobra…” (ele não escreveu cobra, mas usou um emoji de cobra). Quando era jovem, em 1972, a jornalista, então militante do PCdoB, foi presa e torturada pela ditadura militar, no quartel do Exército em Vila Velha, no Espírito Santo. Grávida do seu primeiro filho, ela foi agredida com tapas e chutes, obrigada a ficar nua na frente de soldados e, além disso, viu-se trancada numa sala escura com um jiboia. A referência nojenta de Eduardo Bolsonaro foi a essa monstruosidade.
Míriam Leitão não precisa da minha solidariedade, mas eu a presto mesmo assim, como cidadão e jornalista. Em editorial, O Globo classificou a atitude de Eduardo Bolsonaro de “repugnante”. A palavra é exata: essa gente é repulsiva. E o fato de termos de nos a haver com ela todos os dias, por dever profissional, é extremamente penoso. O aspecto mais deletério da família Bolsonaro, contudo, é em relação ao país. A atuação da máfia que atualmente se hospeda no poder, bem como a dos seus asseclas, acaba empalidecendo todos os atentados à democracia cometidos pelo PT e, como se diz, interditando o debate.
Na minha opinião, e eu já a expressei em outros artigos, tanto Jair Bolsonaro quanto Lula representam um perigo para o regime democrático. Se o primeiro o ataca frontalmente, com falas ignominiosas, promovendo badernas e sabotando aparatos institucionais, o segundo, de forma sorrateira, tentou corroê-la na sua estrutura, por meio do financiamento de campanhas eleitorais com dinheiro roubado, do aparelhamento de ministérios e autarquias e da tentativa de controlar a imprensa. Para não falar do apoio às ditaduras de Cuba e da Venezuela, reveladoras das suas afinidades eletivas. Míriam Leitão está certa quando diz que Jair Bolsonaro tem no AGU e no PGR dois advogados particulares seus. Mas Lula tinha no então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos o seu próprio advogado criminal, como ficou evidente no escândalo do mensalão e do dossiê dos aloprados. Foi um aprendizado para Jair Bolsonaro. A terceira via não erra, portanto, ao tratar Jair Bolsonaro e Lula como ameaças à democracia.
Espero que os eleitores — e somente os eleitores — deixem ambos bem longe do Palácio do Planalto, a partir de 2023. É o melhor que pode ocorrer para jornalistas exemplares como Míriam Leitão e para o Brasil.
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