Esta semana, Nicolás Maduro elevou o patamar da repressão à oposição política e gerou diversas reações internacionais. O Brasil permanece em silêncio, algo bastante eloquente.
Maria Corina denunciou o sequestro de dois integrantes de sua equipe, Dignora Hernández e Henry Alviarez, pela polícia do ditador.
Ao mesmo tempo, a ONU emitiu um novo relatório sobre a situação dos direitos humanos no país, atestando que Maduro reativou uma “repressão violenta” com detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados, tortura e outros tratamentos desumanos como estupros. Segundo o relatório, existe um clima de medo que impede a realização de eleições democráticas. Diz também que o Ministério Público venezuelano se converteu em uma ferramenta de perseguição de opositores e até de críticos.
Países da América Latina expressaram publicamente a condenação às atitudes do ditador. No caso da Argentina de Milei ou do Uruguai de Lacalle Pou, existe uma oposição política, já que os dois são de direita. Mas o presidente de esquerda do Chile, Gabriel Boric, também emitiu uma nota de condenação bastante dura.
“O Governo do Chile expressa a sua firme condenação à detenção arbitrária de representantes de partidos políticos da oposição venezuelana, o que constitui uma ação contrária ao espírito democrático que deve prevalecer em qualquer processo eleitoral”, diz a nota oficial do presidente chileno, divulgada ontem.
O Brasil permanece em silêncio. Além disso, as últimas declarações do presidente Lula sobre Maduro são uma bela passada de pano nos avanços autoritários.
Recentemente, quando perguntado sobre a expulsão de equipe da ONU da Venezuela, Lula disse que não estava informado. Recebeu o ditador por aqui com honras de chefe de Estado. Chegou a dizer que ele precisava criar uma narrativa para dizer que o país, uma ditadura, é uma democracia.
A popularidade do presidente tem despencado, enquanto ele insiste nessa e em outras declarações favoráveis a ditadores. Chegou a ser até elogiado pelo Hamas. O governo enfrenta problemas graves como o recorde da dengue e as fugas de presídios de segurança máxima.
Esta semana, estourou o escândalo dos móveis. Lula acusou Bolsonaro de ter sumido com móveis presidenciais, o que justificou a compra de outros, todos caríssimos. Agora foi revelado que os móveis sempre estiveram em poder da presidência. Lula sequer pediu desculpas pelo que disse.
O apetite por poder é uma bênção e uma maldição. Por um lado, faz com que a pessoa realmente chegue ao poder. Por outro, o poder inebria, vicia.
Lula poderia, ao ter saído da cadeia, ter escolhido uma vida confortável viajando pelo mundo e criando um legado internacional. Poderia inclusive se vitimizar internacionalmente, bradar contra a injustiça que acredita ter sofrido. Escolheu, no entanto, ser reconduzido ao poder nos braços do povo, como fez um outro presidente que ele admira muito.
Agora governa na era das redes sociais, com uma equipe política muito mais fraca, sem ser uma novidade política e sem a benesse econômica do boom dos commodities. Ele fez sua escolha e o Brasil também.