Romero Jucá: a volta dos que não foram Romero Jucá: a volta dos que não foram
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12.04.2024

Romero Jucá: a volta dos que não foram

Esta semana, Romero Jucá foi saudado num discurso de Lula em um evento oficial; Jucá é o tipo de político que consegue muita coisa

Esta semana, Romero Jucá foi saudado num discurso do presidente da República em um evento oficial. Lula disse, em tom de brincadeira, que ele é esperto porque continua senador sem ser.

Tempos atrás, O Antagonista mostrou um vídeo que exemplifica essa realidade. O ex-senador comemorava ter conseguido recursos para combater a Covid em seu Estado. Só que ele não é senador mais, não tem mandato nenhum. Como teria conseguido isso? Pois é.

Romero Jucá é o tipo de político que consegue muita coisa. Entrou na política ainda na ditadura militar, quando trabalhava com Marco Maciel em Pernambuco. Acabou sendo indicado pelo General Figueiredo para a presidência da FUNAI. A gestão foi marcada por polêmicas com Yanomamis e acusações de favorecimento de madeireiros, uma vibe meio Ricardo Salles.

No governo José Sarney, virou governador biônico de Roraima, que virou seu berço político. Primeiro elegeu a mulher, tentou o senado e não conseguiu. Mas conseguiu postos importantes no governo Collor. Aconteceu o impeachment, mas Romero Jucá caiu para cima.

Em 1994, conseguiu se eleger senador. Virou vice-líder do governo Fernando Henrique. Depois, Lula se elegeu. Virou líder do governo Lula no Senado. Também foi líder de Dilma Rousseff e depois articulou pelo impeachment da presidente. Acabou sendo Ministro do Planejamento de Michel Temer.

Caiu num vazamento de conversa gravada na era da Lava Jato. É a famosa gravação do acordo “com Supremo e com tudo” para estancar as coisas onde estavam. É a partir daí que vira esse personagem definido por Lula, o senador que não tem mandato.

Uma coisa mudou muito desde o início da carreira de Romero Jucá, o interesse do brasileiro pela política. Isso cresceu muito e é algo vivo. No entanto, temos uma tendência cultural a fazer tudo descambar para o entretenimento, o BBB. Surgiu também a torcida de político.

É algo conflitante. Quando aparentemente não se interessava por política, o brasileiro tendia a botar todos os poderosos numa lupa e reclamar constantemente dos abusos e desmando dos políticos e do Estado. Agora isso diminuiu, abrindo espaço para torcidas de políticos que justificam desmandos e abusos.

Há quem veja o mundo político por um único prisma, infantilizado, que separa o mundo entre bem e mal pelos critérios de esquerda, direita, progressista e conservador. Esse grupo tende a carimbar os Romeros Jucás da política como “centrão”, aquele poder com quem o herói precisa negociar para não ser alijado de tudo.

As coisas são mais complexas. Romero Jucá não esconde a que vem. A ideologia não é prioridade, as circunstâncias sim. Existe muita gente que pensa e age como ele na política. Os mais perigosos são os que enfeitiçam as pessoas com inflamados discursos ideológicos nos quais nem eles próprios acreditam.

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Esta semana, Romero Jucá foi saudado num discurso de Lula em um evento oficial; Jucá é o tipo de político que consegue muita coisa

Esta semana, Romero Jucá foi saudado num discurso do presidente da República em um evento oficial. Lula disse, em tom de brincadeira, que ele é esperto porque continua senador sem ser.

Tempos atrás, O Antagonista mostrou um vídeo que exemplifica essa realidade. O ex-senador comemorava ter conseguido recursos para combater a Covid em seu Estado. Só que ele não é senador mais, não tem mandato nenhum. Como teria conseguido isso? Pois é.

Romero Jucá é o tipo de político que consegue muita coisa. Entrou na política ainda na ditadura militar, quando trabalhava com Marco Maciel em Pernambuco. Acabou sendo indicado pelo General Figueiredo para a presidência da FUNAI. A gestão foi marcada por polêmicas com Yanomamis e acusações de favorecimento de madeireiros, uma vibe meio Ricardo Salles.

No governo José Sarney, virou governador biônico de Roraima, que virou seu berço político. Primeiro elegeu a mulher, tentou o senado e não conseguiu. Mas conseguiu postos importantes no governo Collor. Aconteceu o impeachment, mas Romero Jucá caiu para cima.

Em 1994, conseguiu se eleger senador. Virou vice-líder do governo Fernando Henrique. Depois, Lula se elegeu. Virou líder do governo Lula no Senado. Também foi líder de Dilma Rousseff e depois articulou pelo impeachment da presidente. Acabou sendo Ministro do Planejamento de Michel Temer.

Caiu num vazamento de conversa gravada na era da Lava Jato. É a famosa gravação do acordo “com Supremo e com tudo” para estancar as coisas onde estavam. É a partir daí que vira esse personagem definido por Lula, o senador que não tem mandato.

Uma coisa mudou muito desde o início da carreira de Romero Jucá, o interesse do brasileiro pela política. Isso cresceu muito e é algo vivo. No entanto, temos uma tendência cultural a fazer tudo descambar para o entretenimento, o BBB. Surgiu também a torcida de político.

É algo conflitante. Quando aparentemente não se interessava por política, o brasileiro tendia a botar todos os poderosos numa lupa e reclamar constantemente dos abusos e desmando dos políticos e do Estado. Agora isso diminuiu, abrindo espaço para torcidas de políticos que justificam desmandos e abusos.

Há quem veja o mundo político por um único prisma, infantilizado, que separa o mundo entre bem e mal pelos critérios de esquerda, direita, progressista e conservador. Esse grupo tende a carimbar os Romeros Jucás da política como “centrão”, aquele poder com quem o herói precisa negociar para não ser alijado de tudo.

As coisas são mais complexas. Romero Jucá não esconde a que vem. A ideologia não é prioridade, as circunstâncias sim. Existe muita gente que pensa e age como ele na política. Os mais perigosos são os que enfeitiçam as pessoas com inflamados discursos ideológicos nos quais nem eles próprios acreditam.

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