Resultado da Petrobras foi ruim, mas vai piorar
A estatal do petróleo brasileira (ou, se preferir, empresa de economia mista controlada pelo governo) divulgou na noite de ontem o balanço do segundo trimestre e apresentou uma queda de...
A estatal do petróleo brasileira (ou, se preferir, empresa de economia mista controlada pelo governo) divulgou na noite de ontem (3) o balanço do segundo trimestre e apresentou uma queda de quase 50% do lucro líquido. Os mais afoitos podem imaginar que isso foi resultado da política temerária petista que quase destruiu a petroleira durante o governo Dilma, mas não foi.
A queda na linha de lucro da companhia foi consequência, esperada, da baixa do preço do petróleo durante o período. De acordo com o balanço da empresa, o preço médio do combustível no 2º trimestre deste ano ficou em US$ 78,39 para o barril do tipo Brent, contra US$ 81,27 nos três meses anteriores e US$ 113,78 no 2º trimestre do ano passado.
Há de se levar em conta ainda que o efeito Lula na petroleira ainda não foi completo. A atual diretoria da Petrobras só tomou posse em meados de abril e ainda não conseguiu implementar todas as mudanças programadas para os próximos trimestres.
Nesta semana, no entanto, começaram a aparecer os primeiros sinais de atenção. Jean Paul Prates procurou Lula para avisá-lo da necessidade de aumentar o preço dos combustíveis em função da alta de quase 15% no preço do petróleo internacional em julho. Ouviu do petista, conhecido pelo conforto com grandes números, que deveria refazer as contas.
A defasagem no preço do combustível praticado nos polos da Petrobras alcançou 27% para o diesel e 21% para a gasolina nesta sexta-feira, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de Combustíveis (Abicom). Vale lembrar que o Brasil é autossuficiente em extração de petróleo, mas não em refino. Por isso, a petroleira é obrigada a importar cerca de 30% das gasolina e do diesel consumido pelo brasileiro. Como o preço lá fora é mais caro, ela assume prejuízo na transação. Durante um tempo, isso pode funcionar, mas se a diferença crescer muito ou a estratégia se estender, a empresa voltará a ser deficitária e a ficar no vermelho. A última vez que isso aconteceu foi, não por acaso, em 2016.
A companhia tentou uma agenda positiva para reduzir o desconforto dos investidores e anunciou uma recompra de ações e dividendos entre ontem e hoje. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto, ao lado de Lula), garantiu em entrevista agora pela manhã que a Petrobras atualizará os preços dos combustíveis no Brasil, caso o preço do petróleo continue a subir. De acordo com ele, a estatal está no “limite do preço marginal”.
Por enquanto, o mercado não parece ter levado muito a sério, e a ação ordinária da estatal caía quase 4% às 11h40, enquanto o petróleo subia cerca de 0,7%.
Afinal, imaginando que o governo pode sangrar a Petrobras para segurar a inflação e conseguir juros mais baixos, Lula defenderia outra atitude?
Acionistas da Petrobras precisarão de estômago para aguentar o balançar dos preços nos próximos trimestres. Alguns parecem que resolveram pular do barco hoje mesmo, a julgar pelas cotações na bolsa de valores. O Brasil voltou.
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