05.04.2024
Reação do Brasil a Maduro diz mais sobre o nosso futuro do que você imagina
Após declarações de Lula brandas sobre Maduro, o Brasil protegeu Irã e Rússia nesta semana, no Conselho de Segurança da ONU
Esta semana, o ditador venezuelano Nicolás Maduro resolveu esticar a corda. Investiu pesado em três frentes do endurecimento autoritário.
A primeira é a lei declarando que neoliberalismo e conservadorismo agora equivalem a fascismo e são crimes na Venezuela. A segunda é a lei anexando quase 70% do território da Guiana. A terceira é forçar ainda mais a mão sobre os opositores que pretendem concorrer com ele nas eleições deste ano.
A tendência é que a situação só piore. Quando um ditador está há muito tempo no poder, começa a se organizar a resistência a ele. Restam então dois mecanismos bastante comuns: dar punições exemplares aos críticos e arrumar um inimigo externo para unir o povo contra ele.
A reação do governo brasileiro tem sido branda. A somar isso com as declarações de Lula sobre Maduro, temos muito a observar sobre o nosso futuro.
Esta semana, no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil protegeu Irã e Rússia. O país se absteve numa resolução para investigar o regime dos aiatolás por casos como assassinato de mulheres sem véu ou pena de morte para crianças. Também se absteve na condenação da Rússia por violações de direitos humanos na Ucrânia.
Para muitos analistas, parece claro que o governo Lula está se alinhando economicamente às grandes ditaduras mundiais. Nossos parceiros são Rússia, China e Irã. Vão entrar agora nos BRICS, por exemplo.
Pode ser um alinhamento apenas econômico, uma visão oportunista do crescimento do mundo. Será que isso realmente existe? É possível se alinhar ao eixo dos países ditatoriais sem transferir nada dessas práticas aqui para o Brasil?
Sugiro observar. Entre os países que escolhem se alinhar a ditaduras, quantos conseguem permanecer democráticos? Quando Lula fala sobre Maduro, diz menos sobre a Venezuela e mais sobre o futuro do Brasil.