Quanto mais promoverem Janja melhor para Michelle
A evitaperonização da política brasileira parece inevitável. As duas figuras principais têm as próprias mulheres, Janja e Michelle
A primeira-dama, dona Janja, mais uma vez foi assunto quente nas redes sociais. Resolveu fazer uma postagem digna de blogueira de life style ou celebridades. Num barco, fala um texto frívolo em tom infantilizado delineando o quando tem acessos sociais privilegiados. A imagem mostra luxo e é coroada pela tacinha na mão.
Provavelmente quem teve a ideia brilhante do vídeo deve estar argumentando com o clichê “falem mal, mas falem de mim”.
Michelle Bolsonaro só tem a comemorar.
A evitaperonização da política brasileira parece inevitável. As duas figuras principais têm as próprias mulheres na linha sucessória. Quem será a Evita Perón brasileira?
Michelle Bolsonaro tende a crescer e se solidificar pela comparação com Janja, que tenta entrar na vida pública com duas enormes desvantagens. A primeira é ter vergonha de quem é e do que realmente faz da vida. A outra é pregar uma coisa e fazer outra.
Janja é primeira-dama, alguém que não tem cargo e abdica dos projetos pessoais para estar ao lado do marido. Mas ela tem vergonha disso. É uma desvantagem tentar ganhar apoio dos outros sem ter nem o próprio apoio.
A outra desvantagem é a dissonância cognitiva, boa para fidelizar apoiadores radicais mas ruim para expandir a base de apoio ou até manter os moderados.
Cito um exemplo concreto. Na ONU, a primeira-dama discursou sobre igualdade e empoderamento feminino, citando como exemplo o mundo do trabalho. Atrás dela, em segundo plano, a ministra das mulheres, que trabalhou para estar ali. Não era um espaço para primeiras-damas falarem, era um espaço para profissionais da área. Janja só estava lá porque o marido dela impediu que profissionais da área fizessem o discurso e botou a mulher dele no lugar. É incoerente.
A discrepância entre ações e discurso mina a credibilidade. No entanto, fortalece o apoio do cercadinho, que é fanático. Para ele, é menos dolorido romper com a realidade do que com as próprias crenças.
Michelle está no sentido oposto, tinha orgulho de ser primeira-dama. Ali evitou embates políticos ao abraçar a causa das pessoas com deficiência. Começou a aparecer politicamente junto com Janja e desfruta das comparações inevitáveis.
O diferencial maior de Michelle é ter o toque de Midas do universo político atual: entender o universo evangélico. Ela consegue falar com esse público atravessando a imprensa, usando a linguagem comum que os jornalistas não entendem. Compreende também a cultura que já transformou as periferias e ainda passa ao largo da percepção da mídia mainstream.
Quanto mais insistirem em promover Janja melhor para Michelle Bolsonaro.
Quanto mais promoverem Janja melhor para Michelle
A evitaperonização da política brasileira parece inevitável. As duas figuras principais têm as próprias mulheres, Janja e Michelle
A primeira-dama, dona Janja, mais uma vez foi assunto quente nas redes sociais. Resolveu fazer uma postagem digna de blogueira de life style ou celebridades. Num barco, fala um texto frívolo em tom infantilizado delineando o quando tem acessos sociais privilegiados. A imagem mostra luxo e é coroada pela tacinha na mão.
Provavelmente quem teve a ideia brilhante do vídeo deve estar argumentando com o clichê “falem mal, mas falem de mim”.
Michelle Bolsonaro só tem a comemorar.
A evitaperonização da política brasileira parece inevitável. As duas figuras principais têm as próprias mulheres na linha sucessória. Quem será a Evita Perón brasileira?
Michelle Bolsonaro tende a crescer e se solidificar pela comparação com Janja, que tenta entrar na vida pública com duas enormes desvantagens. A primeira é ter vergonha de quem é e do que realmente faz da vida. A outra é pregar uma coisa e fazer outra.
Janja é primeira-dama, alguém que não tem cargo e abdica dos projetos pessoais para estar ao lado do marido. Mas ela tem vergonha disso. É uma desvantagem tentar ganhar apoio dos outros sem ter nem o próprio apoio.
A outra desvantagem é a dissonância cognitiva, boa para fidelizar apoiadores radicais mas ruim para expandir a base de apoio ou até manter os moderados.
Cito um exemplo concreto. Na ONU, a primeira-dama discursou sobre igualdade e empoderamento feminino, citando como exemplo o mundo do trabalho. Atrás dela, em segundo plano, a ministra das mulheres, que trabalhou para estar ali. Não era um espaço para primeiras-damas falarem, era um espaço para profissionais da área. Janja só estava lá porque o marido dela impediu que profissionais da área fizessem o discurso e botou a mulher dele no lugar. É incoerente.
A discrepância entre ações e discurso mina a credibilidade. No entanto, fortalece o apoio do cercadinho, que é fanático. Para ele, é menos dolorido romper com a realidade do que com as próprias crenças.
Michelle está no sentido oposto, tinha orgulho de ser primeira-dama. Ali evitou embates políticos ao abraçar a causa das pessoas com deficiência. Começou a aparecer politicamente junto com Janja e desfruta das comparações inevitáveis.
O diferencial maior de Michelle é ter o toque de Midas do universo político atual: entender o universo evangélico. Ela consegue falar com esse público atravessando a imprensa, usando a linguagem comum que os jornalistas não entendem. Compreende também a cultura que já transformou as periferias e ainda passa ao largo da percepção da mídia mainstream.
Quanto mais insistirem em promover Janja melhor para Michelle Bolsonaro.