A entrada da ministra Carmen Lúcia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marca um momento crucial para observarmos a tendência da Justiça Eleitoral no Brasil. Até agora, vimos um processo muito personalista na figura do ministro Alexandre de Moraes. Muitas decisões políticas giravam em torno de sua figura. Com a ministra Carmen Lúcia assumindo a presidência do TSE, a dinâmica pode mudar significativamente.
Carmen Lúcia é conhecida por seu temperamento mais discreto e menos combativo. Ela já tem experiência prévia na condução do TSE, antes do caos político que vivemos atualmente. A composição do TSE também muda, e isso pode trazer uma nova abordagem para a condução das eleições.
Os políticos que se candidatarão a cargos federais e estaduais em 2026 estão de olho nos prefeitos e vereadores que serão as cobaias neste novo cenário. Eles querem entender como a Justiça Eleitoral vai lidar com as complexidades da era digital. Existem duas questões principais: fake news e o impulsionamento de postagens nas redes sociais.
Ninguém sabe exatamente como resolver o problema das fake news ou da desinformação. Até agora, nossos políticos sequer deram uma definição oficial desses termos. Fake news acaba sendo tudo que vai contra o adversário político, enquanto aquilo que favorece é visto como verdade. Essa elasticidade do conceito permite uma blindagem conveniente para os políticos.
Outra questão importante é o impulsionamento de postagens nas redes sociais. As novas regras estão tão confusas que as plataformas dizem que nem vão fazer impulsionamento político. Isso cria um cenário incerto. Sem o impulsionamento, quem ganha não é necessariamente o político tradicional, mas sim quem já tem uma presença forte nas redes – seja trabalhando de forma consistente ou fazendo barulho.
A Justiça Eleitoral ainda está tateando sobre como lidar com essas questões. Há uma tendência de que os tribunais superiores assumam o controle, o que alguns defendem que deveria ser papel do parlamento. O parlamento, por sua vez, está em uma queda de braço constante, sem clareza ou decisões firmes.
Neste cenário, os prefeitos serão as cobaias. As eleições municipais servirão como teste para que a Justiça Eleitoral e os políticos saibam como se posicionar para 2026. Como cidadãos, precisamos observar esses movimentos e não cair no barulho de decisões rápidas e palavras incendiárias. Será que conseguiremos resistir a essa tentação?
A experiência das eleições deste ano será determinante para o futuro da política tradicional e dos outsiders. E o impacto disso sobre o povo ainda é uma incógnita. A condução da ministra será determinante para o comportamento de toda a Justiça Eleitoral brasileira após o furacão dos últimos anos.