O vexame machista dos tucanos
Os tucanos deram um vexame ontem na confirmação da chapa presidencial Simone Tebet-Mara Gabrilli (foto), cujo slogan é "Amor e Coragem". No seu discurso, José Serra afirmou sobre ambas, entre risinhos: "Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também". Na sua vez de falar, Tasso Jereissati disse que a economista Elena Landau, coordenadora do plano de governo de Simone Tebet na área econômica, disse "é meio rebelde, mas a gente controla"...
Os tucanos deram um vexame ontem na confirmação da chapa presidencial Simone Tebet-Mara Gabrilli (foto), cujo slogan é “Amor e Coragem”. No seu discurso, José Serra afirmou sobre ambas, entre risinhos: “Elas estão bonitas hoje. Se produziram. Eu presto atenção. O Tasso presta também”. Na sua vez de falar, Tasso Jereissati disse que a economista Elena Landau, coordenadora do plano de governo de Simone Tebet na área econômica, “é meio rebelde, mas a gente controla”. Não contente, afirmou em seguida que só a “docilidade” das mulheres pode “unir esse país”. Bruno Araújo, presidente do PSDB, fez piada. Disse que seria preciso uma cota de 20% para homens na campanha de ambas. Para completar o estrago dos tucanos, Roberto Freire, presidente do Cidadania, saiu-se com a seguinte frase: “Sei como é difícil para nós, homens, que fomos criados para não ter esse romantismo e gentileza, falar de amor. As mulheres sabem falar de amor”.
A escolha do slogan “Amor e Coragem” não é feliz no reforço de certo estereótipo feminino, para sublinhar que a chapa é composta por duas mulheres — o que, fôssemos mais civilizados, não deveria ser motivo de atenção. Mas a marmanjada foi muito além do que seria razoável no seu machismo travestido de cortesia, que trai uma visão anacrônica de mundo. Não sou contra elogiar mulheres pela sua aparência física, como fez José Serra, mas isso tem hora e lugar. E um evento político não é uma coisa nem outra. Também é de se duvidar que, fosse um homem o coordenador do programa de governo de Simone Tebet na economia, Tasso Jereissati se referisse a ele como “meio rebelde” a ser “controlado”. Isso é fala patriarcal. Quanto ao “romantismo” de Roberto Freire, a abordagem é absolutamente inadequada, uma vez que —é de se supor— o amor do slogan da chapa está longe de ser o romântico, mas o de empatia pelo próximo.
O machismo não é atributo exclusivo de Jair Bolsonaro, senhoras e senhores.
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