O menino Henry também foi vítima de um sistema podre
Estamos todos devastados com a morte do menino Henry Borel Medeiros, assassinado pelo vereador carioca Dr. Jairinho -- mais um nome de fantasia ridículo --, com a cumplicidade da sua namorada, Monique Medeiros, mãe do menino. A violência de que Henry foi vítima parece não caber em vidinha tão curta, de apenas 4 anos. Quatro anos, meu Deus...
Estamos todos devastados com a morte do menino Henry Borel Medeiros, assassinado pelo vereador carioca Dr. Jairinho — mais um nome de fantasia ridículo –, com a cumplicidade da sua namorada, Monique Medeiros, mãe do menino.
A violência de que Henry foi vítima parece não caber em vidinha tão curta, de apenas 4 anos. Quatro anos, meu Deus… Ele vinha sendo espancado seguidamente por Dr. Jairinho, que tem um histórico de agressões contra filhos de namoradas. Morreu chorando de dor, com lesões internas dilacerantes, depois de uma sessão de brutalidades. A imagem do menino chegando em casa, após passar o dia com o pai, é pungente: o seu choro já antecipava outra sessão de tortura.
Henry foi vítima de um monstro sádico, de um covarde, de um ser abjeto. Henry foi também um menino sem mãe que o defendesse. Sem mãe que o protegesse do torturador de crianças. Nos trechos das mensagens que Monique trocou com a babá, está claro que ela sabia das sevícias a que o seu filho, o seu bebê, era vítima. E, no entanto, ela nada fez. E, no entanto, ela acobertou o monstro sádico, o covarde, o ser abjeto — que, consumada a morte de Henry, ainda tentou obter um atestado de óbito falso para o “corpinho” do menino (a expressão é do assassino) com um empresário da área da saúde e até com o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, para quem telefonou pedindo ajuda, fato só revelado hoje. Para o influente Dr. Jairinho, Henry era apenas isso: um corpinho a ser espancado, seviciado e descartado quando já não tinha mais vida.
Por que Monique Medeiros não protegeu o filho? Pelas mensagens trocadas com a babá, ela sabia que havia algo errado quando Dr. Jairinho trancava-se no quarto do casal com Henry. Monique Medeiros até pensou em instalar uma câmera no quarto. E, no entanto, nada fez. E, no entanto, acobertou o monstro, o covarde, o ser abjeto, até o último momento. Monique Medeiros nada fez para salvar o seu filho, arrisco dizer, porque Dr. Jairinho lhe proporcionava um padrão de vida muito acima do permitido pelo salário de um vereador. Vereador em quinto mandato, filho de um ex-deputado estadual preso na Operação Furna da Onça, que investigava um esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos no Rio de Janeiro. Monique Medeiros nada fez para salvar o seu filho, arrisco dizer, porque Dr. Jairinho lhe arrumou um sinecura no Tribunal de Contas do Município, com salários de 12 mil reais, quase o triplo do que ganhava como diretora de uma escola municipal. Monique Medeiros, arrisco dizer, nada fez para salvar o seu filho porque Dr. Jairinho comprou dela, com dinheiro público, o direito de trucidar Henry. Nada disso atenua a sua culpa. Para completar o espetáculo sórdido, ela fez selfie na delegacia onde prestou o depoimento mentiroso, enquanto o corpo de Henry era examinado no Instituto Médico Legal. No dia seguinte ao da morte do filho, assassinado pelo namorado, ela foi a um salão de cabeleireiro. Que tipo de gente é essa? Isso é gente?
Henry foi vítima de um monstro sádico, de um covarde, de um ser abjeto. Foi vítima de uma mãe desnaturada (e nunca um adjetivo foi tão exato). Foi vítima também de um sistema político podre que putrefaz as relações sociais, familiares e afetivas. Um sistema que é produzido por monstros e os replica sem cessar.
Estamos devastados num país cuja paisagem geral é também de devastação.
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