Jair Bolsonaro (foto) deveria calar a boca para tentar não ser preso, no caso de perder a eleição. Há um monte de gente dizendo para ele parar de atacar o STF e as urnas eletrônicas, mas o presidente da República é incontrolável. Se antes havia algum método na loucura, agora não há nada além da mais pura insanidade.

A cada xingamento a ministros do Supremo –– inclusive a um que até não antipatiza tanto com certo ideário de Jair Bolsonaro — e a cada ataque ao sistema eleitoral, ele perde votos entre aqueles que não habitam a franja da extrema-direita. Perde também a presunção de inocência, se é que restou alguma, e cria ainda mais animosidade contra si próprio entre os juízes que irão julgá-lo. Não é exatamente uma atitude racional.

Enquanto se colocava como defensor da liberdade de expressão, Jair Bolsonaro angariava simpatia entre os que acham que o STF anda extrapolando com os seus inquéritos abertos de ofício, público maior que os ministros podem supor. Mas ele perde esse cacife ao questionar continuamente a lisura do TSE, que, no final das contas, não deixa de ser um puxadinho do Supremo. A julgar pelas pesquisas, nesse caso a maioria dos eleitores cerra fileiras com o Judiciário.

Essa história de transferir o desfile militar de 7 de setembro, no Rio de Janeiro, do centro da cidade para a Avenida Atlântica, cenário habitual de manifestações bolsonaristas, a fim de dar ares golpistas à parada do Dia da Independência, é de uma cretinice absoluta. A ideia é outro tiro do pé do presidente da República, ao reafirmar o seu desapreço pela democracia. É um passo a mais que ele dá rumo à cana. Só a recuperação econômica poderá salvá-lo e reelegê-lo, se houver tempo para isso, mas isso ocorrerá apesar de Bolsonaro.

Incontrolável.