Moro: “O Brasil e as Democracias Ocidentais”
Viajei à Alemanha por uma semana. Comigo, estava o cientista político e deputado estadual Heni Ozi Cukier, do estado de São Paulo. A agenda estava marcada havia meses. O objetivo principal era conversar com autoridades políticas e representantes da sociedade civil da Alemanha e mostrar que há um Brasil muito diferente de Lula/Bolsonaro, que quer se modernizar, abrir sua economia e fortalecer as suas instituições democráticas...
Viajei à Alemanha por uma semana. Comigo, estava o cientista político e deputado estadual Heni Ozi Cukier, do estado de São Paulo. A agenda estava marcada havia meses. O objetivo principal era conversar com autoridades políticas e representantes da sociedade civil da Alemanha e mostrar que há um Brasil muito diferente de Lula/Bolsonaro, que quer se modernizar, abrir sua economia e fortalecer as suas instituições democráticas.
Como era de se esperar, o foco da Alemanha está na guerra da Rússia contra a Ucrânia e o surgimento de uma nova ordem mundial. Diante dos perigos, a Alemanha resolveu rearmar-se, investindo cem bilhões de euros em um novo programa de defesa. Para muitos com os quais conversamos, a Alemanha mudou para sempre com essa decisão.
O Brasil, infelizmente, segue apagado no cenário mundial, isolado diplomaticamente de nossos aliados tradicionais. Mas há uma percepção negativa de que o Brasil está cada vez mais se afastando das democracias ocidentais. Além de não vermos progresso na abertura da economia brasileira para o mundo, os movimentos de Bolsonaro na direção de Putin foram notados. A visita dele, na semana anterior ao início da guerra, e a declaração de solidariedade à Rússia fizeram um estrago na já deteriorada imagem do Governo.
Para piorar, Lula e o PT, padecendo da doença infantil do antiamericanismo e saudosos da União Soviética, foram também incapazes de se manifestar de maneira clara contra a invasão da Ucrânia e em condenar a Rússia. Dos pré-candidatos à Presidência, sou um dos poucos que têm insistido, desde o primeiro dia, em condenar a invasão e repudiar o sofrimento imposto à população ucraniana.
Fiz questão de ressaltar, na Alemanha, que essa é a posição da maioria da população brasileira, um povo amante da paz e inimigo da injustiça. Ressaltei que gostaríamos de intensificar nossa relação com os países europeus e para tanto seria importante a ratificação do tratado comercial entre o Mercosul e União Europeia. A ratificação do tratado está congelada na Europa por um misto de protecionismo com o repúdio da política ambiental do Governo Bolsonaro.
Concordei com eles sobre a necessidade de o Brasil assumir uma posição responsável na proteção da Amazônia, mas ressalvei que não era justo culpar a agricultura brasileira exportadora por esse fato, já que ela estálocalizada geograficamente distante da região. Destaquei também que, nesse novo contexto mundial, seria estratégica a aproximação comercial entre as grandes democracias.
No Brasil, queremos, por óbvio, ficar longe de conflitos mundiais e manter boas relações internacionais com todos os países, mas não faria mal aprofundar nossas conexões com países com os quais compartilhamos valores importantes como a democracia.
A guerra ainda acelerará a busca por novas tecnologias para geração de energia e o Brasil tem enorme potencial para produção e desenvolvimento de biocombustíveis e de hidrogênio verde. E esta guerra na Ucrânia, que terá consequências enormes no mundo, está passando ao largo dos debates eleitorais deste ano.
É, porém, importante insistirmos nessa questão: qual será o papel do Brasil em um possível novo contexto mundial? Defenderei, sem vacilo ou dubiedades, que somos uma democracia ocidental e que assim queremos permanecer. Alguém tem que defender essa posição nos debates eleitorais deste ano para mostrar à comunidade internacional quem somos de verdade.
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