O presidente Lula ainda não conseguiu se acostumar com a perda de poder da presidência da República que ocorreu entre os seus dois primeiros mandatos e o cenário atual. Houve uma mudança significativa no equilíbrio de poder: o Congresso Nacional, especialmente o presidente da Câmara, agora detém muito mais influência do que nos governos de Lula 1 e Lula 2. O Supremo Tribunal Federal (STF) também exerce muito mais poder, e o Banco Central, que antes funcionava como um cargo de confiança da presidência, agora é independente de fato. Lula é o primeiro presidente a enfrentar um Banco Central independente, cujo presidente não foi escolhido por ele e que segue uma política de Estado, não de governo.
A economia está no centro dos desafios de Lula. Como o PT falou demais da “herança maldita” do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC), a atual herança, pós-Bolsonaro e pandemia, acaba não sendo levada em consideração, parece mais da mesma conversa.
Economia é algo que se bota na conta do presidente. Este é um fenômeno internacional: se a situação econômica é boa, o presidente recebe os créditos; se é ruim, leva a culpa. No momento, a maioria da população está endividada, tem gente recorrendo ao cartão de crédito parcelado até para compras de mercado, e os preços altos são uma constante reclamação.
Lula busca um bode expiatório na figura de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. A ideia é simples: a população não entende os detalhes técnicos da economia, mas sente no bolso. Precisa de um culpado, vamos eleger o presidente do Banco Central. Contudo, essa narrativa só convence sua claque fiel. Para o grosso da população, incluindo muitos que votaram em Lula, isso não faz sentido. As pessoas querem ver melhorias concretas na economia, e não discursos.
Nos primeiros mandatos, Lula governou em um período de boom das commodities e uma maré internacional favorável. Hoje, a situação é bem diferente. O presidente se vê obrigado a fazer concessões no Congresso e lidar com um cenário econômico global adverso. Mesmo assim, ele permanece no palanque, culpando Roberto Campos Neto pelos problemas econômicos, uma estratégia que só ressoa entre seus seguidores mais leais.
Lula precisa enfrentar a realidade atual com mais pragmatismo. Continuar no palanque não resolverá os desafios econômicos do Brasil. Ele deve vestir a roupa de governante e buscar soluções reais para a economia, deixando de lado a retórica e as desculpas. Afinal, a economia, para o bem ou para o mal, sempre cola no presidente.