Justiça e políticos precisam decidir o que farão com Jair Bolsonaro
Novamente são liberadas provas a conta-gotas sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, gravada pelo então presidente da Abin
Novamente são liberadas provas a conta-gotas sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Desta vez, uma reunião, gravada pelo então presidente da Abin, Alexandre Ramagem. O presidente da República, acompanhado dele e do general Heleno, chefe do GSI, conversava com duas advogadas. O tema era o Brasil? Não, eram as acusações de que Flavio Bolsonaro fazia rachadinha.
A história da liberação de provas e evidências a conta-gotas sobre política nunca trouxe bons resultados para o Judiciário e aplicação da Justiça. Quem trabalha na área jurídica pode ver a parte técnica da prova, mas a população em geral vê apenas fragmentos e, no caso da política, dá a eles significado afetivo apenas.
Quando se trata de crime organizado, a liberação gradual de provas pode ajudar a sociedade a entender a extensão e a periculosidade da organização criminosa. Principalmente quando se trata de uma nova investigação, a familiaridade com aquele tipo de crime se constrói por meio da imprensa, aos poucos, com apresentação gradual dos passos da investigação.
No entanto, na política, essa prática alimenta a polarização tóxica, que é diferente da polarização política, algo normal e saudável. A polarização tóxica é a antipolítica e tem traços afetivos e irracionais, em que as pessoas demonizam tudo do grupo adversário e crêem que o próprio grupo é intrinsecamente bom.
Nos processos contra Bolsonaro, a liberação fragmentada de evidências já se arrasta por quase dois anos. A máquina política sabe preparar os fatos de acordo com suas narrativas. Para os bolsonaristas, qualquer prova é uma perseguição do Alexandre de Moraes, independentemente dos fatos. Do outro lado, qualquer prova, mesmo que seja favorável a Bolsonaro, será distorcida para reforçar a imagem de um fascista que deve ser preso.
É urgente que tanto o mundo jurídico quanto o político decidam o que fazer com Jair Bolsonaro. Não há mais como protelar. O tempo está passando, e a falta de decisão só aumenta a desconfiança da população não só nas instituições, mas também na imprensa. A cada vazamento a conta-gotas existe uma desilusão porque o noticiário não vai coincidir com a crença prévia das pessoas, são questões complexas e difíceis de digerir.
Essa situação se arrasta há mais de um ano e meio e já chega a um ponto de saturação. É preciso decidir o que fazer com Jair Bolsonaro. Ele vai preso ou não? Se solto, será anistiado? Se forem anistiar, concorrerá às eleições de 2026 ou será cabo eleitoral? A política nacional precisa de clareza nessas respostas para seguir adiante.
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