Faltou combinar com os russos
A decisão da Anvisa de barrar a importação da Sputnik abriu uma guerra de versões que precisa ser resolvida imediatamente, talvez numa acareação promovida pelo Congresso Nacional. Durante a votação que rejeitou a Sputnik, gerentes e diretores da Anvisa falaram na presença do adenovírus ativo...
A decisão da Anvisa de barrar a importação da Sputnik abriu uma guerra de versões que precisa ser resolvida imediatamente, talvez numa acareação promovida pelo Congresso Nacional.
Durante a votação que rejeitou a Sputnik, gerentes e diretores da Anvisa falaram na presença do adenovírus ativo.
Gustavo Mendes, gerente-geral de medicamentos da Anvisa, disse, por exemplo, que no “caso da vacina Sputnik V, um dos pontos críticos e cruciais que nós observamos foi a presença de adenovírus replicante na vacina”.
“Isso significa que o vírus que deve ser utilizado apenas para carrear material genético do [novo] coronavírus para as células humanas e assim promover a resposta imune, ele mesmo se replica. E isso é uma não-conformidade grave.”
Como registramos, a Anvisa não testa os imunizantes, ou seja, não tem como comprovar a existência ou não de adenovírus na vacina. Ela apenas analisa os relatórios entregues pelos fabricantes e tira suas conclusões.
Em carta enviada à Anvisa em 26 de março, o Instituto Gamaleya informou que “os controles de qualidade garantem que nenhum adenovírus replicante (RCA) esteja presente na Sputnik V”. Hoje, o Fundo Russo de Investimento Direto anunciou que vai processar a Anvisa por “espalhar intencionalmente informações falsas e imprecisas” sobre a vacina Sputnik V.
Em sua defesa, os russos dizem ainda que o imunizante vem sendo usado por 62 países, incluindo México e Argentina. E que não houve um único caso de adenovirose.
Na coletiva convocada para rebater os russos, a Anvisa mudou o tom e afirmou que não autorizou a Sputnik por precaução, pois está preocupada com o “limite regulatório teórico russo”, que seria tolerante à presença do adenovírus replicante, enquanto o FDA (agência regulatória dos EUA) trabalha com o padrão de “zero RCA”.
Em meio à guerra de versões, a União Química, responsável por envasar a Sputnik no Brasil, sugeriu que a Anvisa possa ter testado uma amostra falsificada, ignorando que a agência, como já dito, não faz testes.
Há um lobby comercial e político poderoso envolvendo o fornecimento de vacinas em todo o mundo e o Brasil não está imune a ele, muito menos a Anvisa. Por isso é necessária transparência total sobre a aprovação ou não de qualquer vacina.
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