Ele olha todo mundo lá da laje
Como sabe quem acompanha as costuras de alianças para as eleições deste ano, Gilberto Kassab quer que o tucano Eduardo Leite filie-se ao seu partido. O governador do Rio Grande do Sul perdeu para João Doria a candidatura do PSDB na batalha fratricida das prévias da agremiação, mas não perdeu a ambição de concorrer ao Palácio do Planalto já neste 2022...
Como sabe quem acompanha as costuras de alianças para as eleições deste ano, Gilberto Kassab quer que o tucano Eduardo Leite filie-se ao seu partido. O governador do Rio Grande do Sul perdeu para João Doria a candidatura do PSDB na batalha fratricida das prévias da agremiação, mas não perdeu a ambição de concorrer ao Palácio do Planalto já neste 2022.
Para tentar segurar Eduardo Leite e afastar João Doria do páreo, os tucanos adversários do governador paulista planejam não homologar a sua candidatura pelo PSDB, depois de ele se desincompatibilizar do cargo, e lançar a do governador gaúcho — o que, por menos que se goste de João Doria, seria um golpe. O pretexto é a verdadeira rejeição do eleitorado ao governador paulista.
Se a quartelada tucana der certo, uma das possibilidades é o PSDB formar uma federação com o MDB e enfiar Eduardo Leite na chapa com Simone Tebet. Nesse caso, seria preciso combinar muito bem com os russos peemedebistas, uma vez que boa parte deles não está disposta a apoiar a candidata natural da agremiação, quer mesmo é aderir a Lula (foto), e dificilmente teria alguma simpatia pela composição com o governador gaúcho.
Se João Doria for saído da disputa, ainda assim não está certo que Eduardo Leite será o candidato do PSDB. Há quem prefira que o partido não tenha candidatura própria, deixando o caminho livre para quem quisesse apoiar Lula ou Jair Bolsonaro, a depender das conveniências estaduais. Para completar o quadro, existe até mesmo quem defenda que o PSDB adira logo, como partido, ao chefão petista, à la Geraldo Alckmin, para lambuzar-se naquela patacoada da necessidade de criar uma frente ampla democrática contra o bolsonarismo.
Apesar de todas essas incertezas, tucanos dizem a Eduardo Leite para não confiar em Gilberto Kassab, que estaria fechado com Lula já para o primeiro turno, cenário que antecipei, modestamente. Fato é que Rodrigo Pacheco, cavalo de parada do cacique do PSD, já não esconde a vontade de ser o vice de centro de Lula, no lugar de Geraldo Alckmin. A ver se a vontade é férrea.
Consta que, na conversa com Gilberto Kassab, que teve Eduardo Paes por testemunha, Eduardo Leite pediu garantias de que seria o candidato do PSD, caso venha a filiar-se ao partido. E que o governador gaúcho não gostou do que ouviu, porque Rodrigo Pacheco ainda teria a preferência. Na sua vontade de montar um partido de quadros e ter uma grande bancada em Brasília, talvez Gilberto Kassab esteja se enrolando no próprio pragmatismo e oferecendo a muita gente a mesma coisa, que pode ser coisa nenhuma. Mas quem sabe Eduardo Leite tenha concluído que vale a pena transferir-se, porque Rodrigo Pacheco não seria empecilho de verdade.
O resumo da história é que tem muita gente bancando ser esperta, para deleite do verdadeiro espertalhão: Lula. Ele olha todo mundo lá da laje com a qual os brasileiros, coitados, tanto sonham.
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