‘Deixem o Exército fora da CPMI’
O presidente da CPMI de 8 de janeiro, Arthur Maia (PP-BA), tem agido diuturnamente para tentar ser uma espécie de voz moderada dentro da Comissão Parlamentar de Inquérito...
O presidente da CPMI de 8 de janeiro, Arthur Maia (PP-BA), tem agido diuturnamente para tentar ser uma espécie de voz moderada dentro da Comissão Parlamentar de Inquérito. E agora atua para aliviar a barra do Exército na investigação.
Quando a PF lançou luz sobre o destino das joias recebidas por Jair Bolsonaro em suas andanças internacionais, os integrantes governistas da CPMI viram no episódio a oportunidade perfeita de se desgastar, ainda mais, a imagem do ex-presidente. Ao descortinar o fluxo da grana obtida com a venda das joias, seria possível também obter mais detalhes sobre o financiamento dos atos de 8 de janeiro.
“O papel das Forças Armadas foi fundamental para que nós preservássemos a democracia no nosso país”, diz o presidente da CPMI do 8 de janeiro, Arthur Maia, após reunião com o comandante do Exército. https://t.co/BlGJ3GUWBV pic.twitter.com/Vo602HLzVN
— O Antagonista (@o_antagonista) August 23, 2023
Ideia brilhante (com o perdão do trocadinho)? Não necessariamente. As investigações da PF miram um suposto esquema de descaminho de objetos para, teoricamente, enriquecimento ilícito do ex-presidente da República. Algo que foge totalmente do escopo da CPMI.
O presidente da CPMI – e qualquer neófito em ciência política – sabe que trazer os militares para o epicentro de uma CPMI, que começou oposicionista, mas agora é totalmente governista, é comprar uma briga desnecessária com o Exército. Ainda mais em um momento em que o comandante da Força, general Tomás Ribeiro Paiva, tenta conter o ânimo da ala bolsonarista da caserna.
Hoje, após um café da manhã com Paiva, Maia foi taxativo: “Se querem fazer uma CPMI para discutir joias, que façam outra”. Trocando em miúdos, Maia deu o seu recado claro a todos os membros da CPMI, bem na linha: “Deixem o Exército fora disso”. Em política, esse tipo de gesto é cristalino. Algumas brigas são lícitas; outras, perda de tempo.
Maia não quer se indispor com a caserna. Ele sabe que ele e a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito têm muito a perder e pouquíssimo a ganhar. É uma boa tática de guerra. Afinal de contas, a guerra na política tem uma lógica bem distinta dos demais campos de batalha.
E ao comprar uma briga contra o Exército, que pode ser sacrificado é o próprio Lula.
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