Deixe de ser otário, Bolsonaro…
Jair Bolsonaro é de uma previsibilidade enfadonha. Diante da derrota da PEC do voto impresso, na Câmara, quando o projeto apoiado pelo governo recebeu apenas 229 votos dos 308 necessários para a sua aprovação, ele disse o seguinte, como já publicado: "É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE...
Jair Bolsonaro é de uma previsibilidade enfadonha. Diante da derrota da PEC do voto impresso, na Câmara, quando o projeto apoiado pelo governo recebeu apenas 229 votos dos 308 necessários para a sua aprovação, ele disse o seguinte, como já publicado:
“É sinal que metade não acredita 100% na lisura dos trabalhos do TSE. Eu não acredito que o resultado ali, no final, seja confiável. Dessa outra metade que votou contra, você tira PT, PCdoB, PSOL, que para eles é melhor o voto eletrônico. Tirando esses partidos de esquerda, muita gente votou preocupado. Realmente estamos com problemas. Essas pessoas aí decidiram votar com o ministro lá, presidente do TSE. Não é que está dividido, é uma eleição em que não vai se confiar no resultado das apurações.”
O roteiro é aborrecido: depois de brincar de golpe militar, Jair Bolsonaro volta a brincar apenas de Donald Trump e, assim como o ex-presidente americano, irá contestar o resultado da eleição de 2022, na hipótese cada vez mais provável de ser derrotado. A sua turba deverá macaquear de alguma forma o que ocorreu no Capitólio e, esperando que não haja mortos e feridos, a coisa deverá ficar nisso. Mas será uma maneira, assim como ocorreu com Donald Trump, de continuar a ter uma legião de seguidores, a fim de evitar o ostracismo e tentar segurar via política a barra judicial que lhe deverá pesar depois de perder o mandato. Tudo isso poderia ser evitado com o impeachment, mas o interesse geral é manter o sujeito sangrando no cargo — com o sangue dos brasileiros, como não canso de repetir.
Se houvesse um pequeno tempero de lógica interna no discurso de Jair Bolsonaro contra a urna eletrônica e os trabalhos do TSE, ele deveria desistir de se candidatar à reeleição em 2022. Afinal de contas, não faz sentido disputar uma eleição que seria fraudada. É fazer papel de otário, há de concordar o leitor, legitimando a fraude e o vencedor que dela se beneficiaria. Fica aqui, portanto, a sugestão: não se candidate, Jair Bolsonaro, e justifique o fato afirmando que não vai validar uma maracutaia eleitoral. O Brasil se beneficiaria enormemente disso — ajudará a esvaziar o lulismo — e você ainda poderia posar de “campeão moral” junto à sua claque. Pode ser até que limpem também a usa barra na Justiça, deixando-o livre para fazer motociatas na Barra da Tijuca.
Quem sabe Jair Bolsonaro não segue o conselho?
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