Contra a idiotice
Acho fantástico como emissoras de televisão fazem campanhas em prol da educação, ao mesmo tempo que deseducam o público com atrações de uma vulgaridade ímpar ou de um primarismo exemplar. Nada contra o entretenimento despido de qualquer intenção cultural, mas tudo contra o entretenimento que estimula a ignorância, a grosseria e a superstição...
Acho fantástico como emissoras de televisão fazem campanhas em prol da educação, ao mesmo tempo que deseducam o público com atrações de uma vulgaridade ímpar ou de um primarismo exemplar. Nada contra o entretenimento despido de qualquer intenção cultural, mas tudo contra o entretenimento que estimula a ignorância, a grosseria e a superstição.
Leio no UOL que a apresentadora Angélica (foto), mulher do apresentador Luciano Huck, um apóstolo da educação até onde me é dado ver, estreará um programa num canal por assinatura. Em Jornada Astral, Angélica entrevistará personalidades populares que falarão de si próprias, utilizando como ponto de partida os seus signos astrológicos. “É um programa que tem um propósito claro de trazer a celebridade e o público para esse contexto de busca interior. A missão é fazer com que as pessoas olhem para dentro. Se conhecer para poder ser e melhorar como pessoa”, disse Angélica. E ainda: “Sou uma pessoa bem curiosa com esses assuntos. Com esse projeto, acabei lembrando o quanto eu gostava de astrologia. É um tema pelo qual eu sempre me interessei”.
Se você gosta de astrologia ou acredita nela, ninguém tem nada a ver com isso. Mas astrologia é superstição, assim como acreditar que dá azar ver gato preto atravessar o caminho ou a pessoa passar debaixo de uma escada. Cada um tem a sua e ponto final. Agora, transformar superstição em “busca interior” já é desserviço. Não dá.
De que adianta fazer campanhas de leitura e de apoio à educação, se as mesmas personalidades que as protagonizam aceitam conduzir programas que veiculam vulgaridades ou idiotices?
A minha crítica não é pessoal, não. É cultural. Os profissionais de televisão concluíram que, para ter audiência, a massa de espectadores deve ser mantida na lata velha da ignorância, já que não existe escola mesmo. Moralmente errado, e esse erro não é compensado por campanha nenhuma. Se não dá para eliminar totalmente a estupidez, que pelo menos se acrescente um pouco de inteligência ao cardápio, com atrações que estimulem as pessoas a pensar, de fato, e não a seguir a manada. Busca interior pressupõe busca anterior por conhecimento. Mas como buscar algo que praticamente inexiste no universo dos grandes meios de comunicação?
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