Bolsonaro quer tropas russas na fronteira com o Brasil?
Isolado no plano internacional, Jair Bolsonaro (foto, à esquerda) embarca hoje para a Rússia, onde se encontrará com Vladimir Putin (na foto, com o presidente brasileiro), causador da maior crise diplomático-militar na Europa desde o final da Guerra Fria, ao concentrar 130 mil soldados nas fronteiras com a Ucrânia, em clara demonstração de que poderá invadir o país vizinho a qualquer hora. O tirano russo, assassino de opositores, usará a visita, assim como utilizou a do presidente esquerdista argentino, Alberto Fernández, que foi recebido por ele em 3 de fevereiro, para mandar recado aos americanos...
Isolado no plano internacional, Jair Bolsonaro (foto, à esquerda) embarca hoje para a Rússia, onde se encontrará com Vladimir Putin (na foto, com o presidente brasileiro), causador da maior crise diplomático-militar na Europa desde o final da Guerra Fria, ao concentrar 130 mil soldados nas fronteiras com a Ucrânia, em clara demonstração de que poderá invadir o país vizinho a qualquer hora. O tirano russo, assassino de opositores, usará a visita, assim como utilizou a do presidente esquerdista argentino, Alberto Fernández, que foi recebido por ele em 3 de fevereiro, para mandar recado aos americanos. A Crusoé publicou uma reportagem sobre o jogo de Vladimir Putin, ao qual Jair Bolsonaro se submete com prazer inenarrável (clique aqui para ler a matéria, que está aberta para não assinantes). “O Kremlin quer dizer aos americanos que, assim como eles interferiram com a Otan na área deles, os russos podem avançar no quintal dos americanos, a América Latina. É esse o principal simbolismo dessas visitas”, disse à revista a cientista política Regina Smyth, que dá aulas de autoritarismo na Universidade de Indiana e escreveu um livro sobre o sistema político russo.
Jair Bolsonaro também quer mandar uma mensagem a Joe Biden, que não conversou diretamente com o presidente brasileiro trumpista nem sequer uma vez, desde que assumiu a Casa Branca, em mais um erro da sua política internacional. Alguém deveria dizer a Joe Biden para tapar o nariz e ter uma conversa protocolar com o presidente brasileiro, porque se trata de prestigiar um país aliado, não o inquilino do Palácio do Planalto.
De qualquer forma, ao visitar Vladimir Putin neste momento perigoso para o mundo, não apenas para a Europa, Jair Bolsonaro obedece às conveniências do tirano russo. A ida do presidente brasileiro não produzirá nenhum acordo realmente importante para o Brasil. Servirá apenas para tentar mostrá-lo na pele de personagem com relevância internacional, para fazer contraponto à visita de Lula à Europa, onde o chefão petista foi recebido com pouca pompa, mas muita circunstância, por governantes de primeira grandeza, como o francês Emmanuel Macron, graças às conexões do PT com a esquerda europeia e à própria repulsa que Jair Bolsonaro causa em qualquer latitude.
A publicidade eleitoreira do presidente brasileiro, contudo, deveria ter sido deixada de lado, assim como a pequena vingança contra Joe Biden, porque Vladimir Putin, no limite, representa uma ameaça aos interesses brasileiros. Amigo de regimes como o cubano e o venezuelano, aos quais fornece armas pesadas, ele já ameaçou instalar bases nesses países, como retaliação ao ingresso na Otan, a aliança militar ocidental, de nações que pertenciam à esfera de influência da União Soviética, quando não ao próprio império soviético, caso das pequenas repúblicas bálticas e da própria Ucrânia — que gostaria de integrar-se à Otan, para proteger-se do vizinho poderoso e hostil, que lhe tomou a Crimeia, em 2014, e agora poderá invadi-la. O veto eterno à entrada dos ucranianos na Otan é a principal condição de Moscou para não praticar a agressão contra Kiev.
Se os Estados Unidos continuarem a titubear com com o valentão russo, Vladimir Putin poderá instalar mísseis, inclusive nucleares, em Cuba e na Venezuela, bem como estabelecer grandes bases militares nesses países. O Brasil tem uma grande fronteira com a Venezuela, país dominada por um regime esquerdista sanguinário, apoiado pelo PT. Jair Bolsonaro quer mesmo chancelar que o bolivariano Nicolás Maduro, já armado até os dentes pelos russos, conte com tropas e mísseis de Moscou? É esse o ponto que deveria preocupar o presidente brasileiro, além do da solidariedade à Ucrânia. Mas esses último conceito — solidariedade — não faz parte do vocabulário bolsonarista. Que se fique, então, apenas com o aspecto geopolítico. Já seria suficiente para Jair Bolsonaro não ir à Rússia. O que ele está cometendo é uma irresponsabilidade.
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