Bolsonaro conspirou com um hacker, no lugar de colaborar com o TSE
O depoimento do hacker Walter Delgatti Neto divulgado nesta quarta-feira, 2, mostra que Jair Bolsonaro fez mais que uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro: ele quis que um delinquente digital “comprovasse” suas teses sobre as urnas eletrônicas...
O depoimento do hacker Walter Delgatti Neto (foto) divulgado nesta quarta-feira, 2, mostra que Jair Bolsonaro fez mais que uma campanha para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro: ele quis que um delinquente digital “comprovasse” suas teses sobre as urnas eletrônicas, municiado com o código-fonte dos equipamentos.
Parêntese: a história de Delgatti Neto também demonstra que a tese muito difundida por políticos aloprados, segundo a qual o TSE mantém em segredo o código-fonte das urnas eletrônicas, é pura enganação. Em diversos momentos do processo eleitoral, diversas instituições tiveram acesso ao código-fonte, inclusive o instituto contratado pelo PL para auditar os resultados do segundo turno. O próprio Delgatti poderia ter inspecionado o programa nas dependências do tribunal, mas disse que “não poderia ir lá”. Voltemos.
É uma prática comum em tecnologia da informação convidar hackers “do bem” – aqueles que não usam suas habilidades para cometer crimes – a esquadrinhar programas e atacar suas barreiras de segurança em busca de brechas. O próprio TSE faz isso a cada eleição com as urnas eletrônicas. Se quiserem, partidos e candidatos podem credenciar seus técnicos para essas averiguações, que têm o calendário divulgado com bastante antecedência.
Isso é o que choca no depoimento de Delgatti: ele indica que o candidato Jair Bolsonaro, que por acaso também era o presidente da República, com toda a carga de responsabilidade institucional que isso implica, preferiu conspirar com um hacker para que ele invadisse o sistema de votação brasileiro, em vez de colaborar com os testes oficiais que procuram exatamente isso, identificar possíveis falhas.
Pouco importa que a conversa não tenha tido desdobramentos. Isso é o poder exercido na sombra, à margem da ordem – e não em benefício do país.
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