A comparação deve ser entre Flávio Bolsonaro e Lulinha
Naquela intransponível crença nacional de que dois erros fazem um acerto, a mansão comprada por Flávio Bolsonaro, em Brasília, foi comparada ao triplex de Lula no Guarujá. Para o bem da Nação, contudo, é preciso medir alhos com alhos e bugalhos e com bugalhos. No caso, os bugalhos são Flávio e Fábio Luís Lula da Silva, primogênitos de Jair Bolsonaro e do Grande Timoneiro do PT, respectivamente...
Naquela intransponível crença nacional de que dois erros fazem um acerto, a mansão comprada por Flávio Bolsonaro, em Brasília, foi comparada ao triplex de Lula no Guarujá. Para o bem da Nação, contudo, é preciso medir alhos com alhos e bugalhos e com bugalhos. No caso, os bugalhos são Flávio e Fábio Luís Lula da Silva, primogênitos de Jair Bolsonaro e do Grande Timoneiro do PT, respectivamente.
Certo de que a Justiça divinamente superior garantirá o seu Estado de Direito privado, Flávio decidiu entrar para o vasto clube dos políticos e autoridades que adquirem imóveis de luxo com preços bem acima do que permitiriam os seus proventos declarados. Talvez aconselhado por homens retos e verticais, como o advogado Frederick Wassef e Fabrício Queiroz, de profissão indefinida, Flávio, o 01 do papai na política, cometeu a delicadeza de lavrar a escritura de compra do imóvel na aprazível cidade-satélite de Brazlândia, a 45 quilômetros do Plano Piloto. Já Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, praticou a cortesia de não comprar casa nenhuma. Alugou um apartamento de luxo em São Paulo do empresário Jonas Suassuna, aquele mesmo que emprestava metade do sítio em Atibaia para Lula e Marisa Letícia — a mesma Atibaia onde Wassef escondeu Queiroz, em outros quinhentos. Curiosamente, a casa de Flávio foi comprada por aproximadamente 6 milhões de reais, o mesmo valor do apartamento alugado por Lulinha, a preço de 2015.
Fábio Luís teve a mão profissional de Jonas Suassuna; Flávio contou com a seriedade e competência do presidente do Banco Regional de Brasília, Paulo Henrique Costa, apadrinhado do governador Ibaneis Rocha e cotado para presidir o Banco do Brasil. O primogênito de Jair Bolsonaro pagou à vista quase 3 milhões de reais pela mansão, apesar do seu patrimônio declarado em 2018 ser de 1,7 milhão, e convenceu, provavelmente a duras penas, o presidente do banco a lhe emprestar o restante. Está vendo aquele financiamento ali? Não? É porque foi a perder de vista. Está vendo aquela mansão que baixou de preço em tempos de valorização de imóveis? Senador atento às oportunidades é assim. Sem gastos com uma família construída por ele próprio, Carlos Bolsonaro não precisou de financiamento: pôde contentar-se com um apartamento de 470 mil reais, comprado à vista no ano passado na capital federal, em nome da mãe. Mas esse é outro bugalho, assim como Eduardo e Renan Bolsonaro.
Flávio é empresário no ramo do chocolate. Só não alcançou maior sucesso porque tem de dedicar aos interesses do povo brasileiro, questão de sacerdócio, e o setor chocolateiro anda muito rachado entre diversos competidores de maior peso. Sem o chamado vocacional para a política, embora tenha tentado entrar no negócios pela porta dos fundos, Fábio Luís é empresário nas adjacências do ramo dos jogos eletrônicos. Experimentou um sucesso fulgurante, tanto que Lula se referiu a ele como o seu Ronaldinho, mas as multinacionais gananciosas e impiedosas decidiram não mais admitir concorrência nacional. Seria preciso resolver isso aí, mas o governo liberal só se preocupa em subsidiar o preço do petróleo com dinheiro do pagador de impostos.
Em 2022, se tudo der certo para eles e errado para o Brasil, Jair Bolsonaro e Lula poderão incluir na disputa do segundo turno a história dos seus dois filhos mais velhos. E culpar o Ministério Público e a imprensa independente pelo fato de ambos os rebentos terem tido as suas aptidões para os negócios colocadas em dúvida. O mercado também não anda fácil. Alhos com alhos, bugalhos com bugalhos, honestamente.
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