Vaticano permite homens gays em seminários, mas exige celibato
Documento destaca, porém, que homens com “tendências homossexuais profundamente radicadas” não podem ser padres
O Vaticano autorizou que homens gays ingressem nos seminários, desde que vivam em celibato. A mudança foi oficializada em um documento aprovado pela Conferência Episcopal Italiana (CEI) e divulgado na última quinta-feira, 9.
Em princípio, a decisão se aplica apenas à Itália.
De acordo com as novas diretrizes, a orientação sexual dos candidatos deve ser avaliada como parte de um quadro mais amplo, sem ser o único critério.
“É importante não reduzir o discernimento a esse aspecto, mas compreender seu significado no contexto geral da personalidade do jovem”, diz o texto, que passará por avaliação após um período experimental de três anos.
O documento destaca que homens com “tendências homossexuais profundamente radicadas”, que pratiquem homossexualidade ou apoiem a “cultura gay”, não podem ingressar em seminários nem ser ordenados.
“Em coerência com o próprio Magistério, a Igreja, embora respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no Seminário e nas Ordens Sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay”, diz trecho. “As pessoas acima mencionadas encontram-se, de fato, em uma situação que dificulta seriamente um correto relacionar-se com homens e mulheres.”
Abertura gradual
Desde o início de seu pontificado, o papa Francisco tem adotado uma postura mais acolhedora em relação à comunidade LGBT. Entre as iniciativas, destacam-se a permissão para que padres abençoem casais do mesmo sexo em casos específicos e a defesa do fim de leis que criminalizam a homossexualidade.
No entanto, a relação entre a Igreja e a comunidade ainda é marcada por tensões.
Em janeiro de 2023, Francisco reafirmou que, embora a homossexualidade não seja crime, é considerada pecado segundo a doutrina católica. O pontífice também pediu uma “conversão” a bispos que apoiam leis discriminatórias.
Apesar das iniciativas, a inclusão de homens gays no sacerdócio continua sendo um tema sensível dentro da Igreja.
Formação sacerdotal
O documento da CEI, intitulado “A Formação dos Presbíteros nas Igrejas da Itália”, aborda, além da questão da homossexualidade, temas como o combate a abusos, o uso de redes sociais por seminaristas e a participação de mulheres e psicólogos profissionais no processo formativo.
A formação sacerdotal é dividida em quatro etapas: propedêutica (um ano), discipular (dois anos), configuradora (quatro anos) e síntese vocacional (um ano).
Durante esse percurso, o objetivo é preparar os candidatos para viverem o celibato como uma escolha livre e responsável, descrito no documento como “a capacidade de acolher o dom da castidade e integrá-lo à vocação humana e sacerdotal”.
Ao longo dos próximos três anos, as novas diretrizes servirão como base para debates e ajustes na formação dos futuros sacerdotes.
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