União Europeia reforça que não reconhecerá eleição de Maduro
Declaração se dá na esteira da decisão do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), controlado pelo chavismo, referendar a eleição do ditador
O alto representante da União Europeia para Relações Exteriores, o espanhol Josep Borrell, reafirmou que o bloco não reconhecerá a eleição do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro (foto), marcada por fraude em 28 de julho.
“Nós seguimos dizendo que tem que provar esse resultado eleitoral. E até o momento não vimos nenhuma prova. Ninguém viu as atas eleitorais, que o Conselho Nacional Eleitoral deve mostrar, deve mostrar qual é esse resultado”, disse Borrell à imprensa nesta sexta-feira, 23 de agosto.
“Enquanto não virmos um resultado verificável, não o vamos reconhecer”, acrescentou.
A declaração se dá na esteira da decisão do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ), controlado pelo chavismo, referendar a eleição do ditador.
Ainda no início desta semana, antes da decisão do TSJ, Borrell já havia subido o tom sobre a fraude eleitoral de Maduro.
“Se Maduro insiste em dizer que ganhou e não quer entender que, para a comunidade internacional, sem verificação não há anunciação de resultados, a Venezuela pode entrar em uma grave crise”, disse Borrell, durante uma fala em uma universidade no norte da Espanha na segunda, 19.
“Estamos todos tentando evitar que isso ocorra”, acrescentou.
Borrell, que já foi atacado por Maduro, entende que as atas eleitorais mostrariam, de fato, uma vitória da oposição liderada por Edmundo González que teria vencido com ampla maioria dos votos. “Já deveria ter feito, tempo teve”, continuou o diplomata, uma espécie de chanceler do bloco.
Edmundo González convoca venezuelanos
González também se pronunciou na esteira da decisão do TSJ. Ele convocou os venezuelanos a se mobilizarem contra a fraude eleitoral.
Em comunicado divulgado no X nesta sexta, Edmundo diz: “Diante da arremetida contra nossas liberdades e a soberania popular, convoco todos os venezuelanos a se unirem em sua defesa, porque não é pouca coisa que está em jogo.
Chamo todas as organizações sociais e políticas, mesmo aquelas que não nos acompanharam eleitoralmente, para que unidos façamos respeitar a decisão que os venezuelanos expressaram com seu voto em 28 de julho.
Peço às nações do mundo que se mantenham firmes na defesa da nossa democracia e continuem a exigir aos órgãos do Estado transparência em seus atos e respeito aos resultados eleitorais.
A paz do nosso país está em jogo. É o momento de juntos lutarmos pelo direito que temos de escolher, de alternar os governantes que nós venezuelanos decidamos com o nosso voto, de respeitar a vontade soberana do povo e que seja acatada por todos.
Só na democracia teremos a oportunidade de realizar uma mudança em paz, onde possamos nos reencontrar, progredir e viver com bem-estar”.
González indiciado
Ainda nesta sexta, o procurador-geral do chavismo, Tarek Saab, anunciou na televisão que González será indiciado a depor pela apuração da oposição. O partido de González e da líder opositora María Corina Machado se declarou vitorioso com cerca de 70% dos votos.
“Nas próximas horas Edmundo González será intimado para prestar declarações sobre sua autoria, onde se declara responsável pela página que usurpou da autoridade competente”, afirmou Saab.
González responderá por usurpação de funções, falsificação de documento público, instigação à desobediência de leis, crimes informáticos, associação para a prática de crime e formação de quadrilha.
Ninguém acredita em manobra de Maduro
Os governos de onze países —Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai— emitiram nesta sexta-feira, 23, um comunicado conjunto para condenar a manobra grosseira da ditadura venezuelana para esconder a derrota de Nicolás Maduro na votação de 28 de julho.
Na quinta-feira, 22, o Supremo Tribunal de Justiça [TSJ, na sigla em espanhol] da Venezuela validou a farsa eleitoral realizada por Maduro para se manter no poder.
Na carta, os países signatários reiteram que “apenas uma auditoria imparcial e independente dos votos” poderia garantir o respeito à vontade popular e à democracia na Venezuela.
Eles também manifestaram sua profunda preocupação com a violação dos direitos humanos perpetrada contra os cidadãos que exigem a apresentação das atas e o reconhecimento da vitória do candidato da oposição, Edmundo González.
Eis a íntegra do comunicado:
“Os governos de Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai rejeitam categoricamente o anúncio do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ) da Venezuela, que ontem indicou ter concluído uma suposta verificação dos resultados do processo eleitoral de 28 de julho, emitida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), e que visa validar o resultados não comprovados emitidos pelo órgão eleitoral.
Os nossos países já manifestaram o seu desconhecimento da validade da declaração do CNE, após representantes da oposição serem impedidos de acompanhar a contagem oficial, a não publicação das atas e, consequentemente, a recusa da realização de auditoria imparcial e independente de todas elas.
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