Uma pessoa morta e dezenas detidas por protesto na Venezuela
“Pelo menos uma pessoa foi morta em (estado de) Yaracuy (noroeste) e 46 pessoas estão detidas” na sequência dos acontecimentos pós-eleitorais, escreveu Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal
Manifestações espontâneas de vários milhões de pessoas ocorreram na segunda-feira, 29 de julho, em Caracas, mas também em outras cidades da Venezuela, para protestar contra a fraude que declarou o ditador Nicolás Maduro reeleito.
“Deixe o poder agora”, disseram milhares de manifestantes em vários bairros pobres de Caracas, alguns deles queimando cartazes com a imagem do presidente.
“Pelo menos uma pessoa foi morta em (estado de) Yaracuy (noroeste) e 46 pessoas estão detidas” na sequência dos acontecimentos pós-eleitorais, escreveu Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal, especializada na defesa de presos políticos.
Famílias de jovens que saíram para protestar e não voltaram divulgam fotos e tentam descobrir seu paradeiro.
“Que Maduro vá embora!”
“As pessoas estão com raiva. É a fraude mais massiva do mundo”, protestou Luis Garcia, 23 anos, no meio da multidão de manifestantes em Pétaré, no leste de Caracas.
“Pela liberdade do nosso país! Para o futuro dos nossos filhos, queremos liberdade, que Maduro vá embora!”, grita Marina Sugey, 42 anos.
Os manifestantes dirigiam-se para o centro da cidade quando a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo. Alguns manifestantes responderam atirando pedras. Outros confrontos ocorreram nos bairros populares de Catya e El Valle.
“Golpe fascista e contra-revolucionario”, acusa Maduro
Nicolás Maduro foi oficialmente proclamado presidente da Venezuela na segunda-feira, 29 de julho, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo ditador chavista.
Durante o seu discurso à CNE, afastando as críticas da oposição e da comunidade internacional, Maduro denunciou uma tentativa de impor um “golpe fascista e contra-revolucionário na Venezuela”.
Na véspera, Elvis Amoroso tinha denunciado um “ataque ao sistema de transmissão de dados que atrasou” a contagem. As contagens por sessão eleitoral solicitadas pela oposição ainda não estão disponíveis. Na segunda-feira, o Ministério Público acusou sem provas a líder da oposição Maria Corina Machado e mais duas pessoas de estarem por trás de um ataque hacker ao sistema de contagem de Votos.
A Venezuela também anunciou que suspenderia os voos com o Panamá e a República Dominicana, denunciando “ações de interferência” destes governos e expulsou embaixadores de sete países latino-americanos.
Quem referenda a fraude de Maduro?
Maduro recebeu o apoio da Rússia e da China, bem como dos seus outros aliados habituais – Cuba, Nicarágua, Honduras e Bolívia. No Brasil, o Partido dos Trabalhadores não tardou a declarar apoio explícito a Maduro e reconhecer a sua “vitória.” O Itamaraty falou em “eleições pacíficas” e se mantém em posição de cumplicidade ambígua.
Nove países latino-americanos (Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai) apelaram numa declaração conjunta na segunda-feira, 29 de Julho, a uma “revisão completa com a presença de observadores eleitorais independentes”.
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