Uma declaração “incrivelmente preocupante” de Putin
Vladimir Putin disse que seria "um grande erro" a Coreia do Sul enviar armas à Ucrânia para ajudar na resposta à invasão da Rússia
O ditador russo, Vladimir Putin (foto), deu uma declaração dizendo que “seria um grande erro” a Coreia do Sul enviar armas à Ucrânia. Os Estados Unidos consideraram a fala do presidente da Rússia “incrivelmente preocupante“.
“Enviar armas letais para a Ucrânia para zonas de combate seria um grande erro“, disse Putin durante sua visita ao Vietnã e ameaçou: “Se isso acontecer, tomaremos uma decisão correspondente, que provavelmente não será do agrado da atual liderança sul-coreana“.
Putin fez questão de lembrar que pode enviar material bélico para a Coreia do Norte, com quem assinou um novo pacto de defesa mútua para “assistência militar” uma à outra se alguma delas for atacada.
As palavras do dotador russo não foram bem recebidas na esfera internacional. Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, expressou preocupação, apontando que um potencial envio de armas para a Coreia do Norte poderia desestabilizar a região e violar resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que a própria Rússia anteriormente apoiou.
Parceria entre Putin e Kim Jong-un
O documento, publicado pela mídia estatal norte-coreana após a reunião dos dois líderes em Pyongyang, expõe pela primeira vez em preto e branco os parâmetros de um novo acordo de defesa mútua, afirmando que se um dos países for sujeito a “agressão armada” por outros países ou se encontrar em estado de guerra, o outro deverá “fornecer imediatamente assistência militar por todos os meios à sua disposição”.
O acordo reaviva o compromisso de defesa mútua de 1961 da era da Guerra Fria e levanta questões sobre o envolvimento norte-coreano na guerra opressiva na Ucrânia.
A cláusula de intervenção automática do tratado parece indicar que todos os meios militares seriam mobilizados, “incluindo o exército, a marinha e a força aérea”. Outras análises argumentam, porém, que o acordo não implica explicitamente uma intervenção automática.
Os observadores ocidentais também ponderam se o acordo poderá tornar a Coreia do Norte um Estado vassalo de Moscou como a Bielorrússia, ou se os dois países realizarão exercícios militares conjuntos.
A Coreia do Norte, atingida pelas sanções ocidentais, precisa de bens e materiais da Rússia e pode oferecer-se para fornecer em troca mão-de-obra à força de trabalho da Rússia, esgotada pela guerra.
Seul cogita ajudar Ucrânia
O governo da Coreia do Sul considera enviar armas para a Ucrânia após a assinatura de um acordo de segurança entre a Rússia e a Coreia do Norte.
O presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, criticou a aliança entre os países ditatoriais e alertou sobre suas potenciais consequências negativas para as relações entre Seul e Moscou.
O acordo entre a Rússia e a Coreia do Norte representa uma mudança significativa na política do leste asiático, estabelecendo uma garantia de defesa mútua em caso de guerra. O gabinete de Yoon criticou o pacto, destacando o histórico das duas nações em lançar guerras de invasão e considerando a promessa de cooperação militar mútua como absurda.
Segundo reportagem do Estadão, especialistas dizem que este é o movimento mais relevante de aproximação entre os dois países desde o fim da Guerra Fria, reabrindo o debate na Coreia do Sul sobre o envio de armas à Ucrânia. Seul, embora um grande exportador de armas com um Exército bem equipado e apoio dos EUA, manteve uma política de não fornecer armas a países em conflitos ativos, limitando seu apoio à Ucrânia ao fornecimento de ajuda humanitária e adesão a sanções econômicas contra a Rússia.
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