Ucrânia afirma que derrubou avião-radar da Rússia
A Ucrânia anunciou que abateu dois importantes aviões para as ações russas no sul do país, invadido em 2022. O chefe militar ucraniano, general Valeri Zalujni, afirmou que a Força Aérea destruiu um avião de detecção de radar de longo alcance A-50 e um centro aéreo de comando Il-22...
A Ucrânia anunciou que abateu dois importantes aviões para as ações russas no sul do país, invadido em 2022. O chefe militar ucraniano, general Valeri Zalujni, afirmou que a Força Aérea destruiu um avião de detecção de radar de longo alcance A-50 e um centro aéreo de comando Il-22.
Essa derrubada representa um grande revés para a Rússia, especialmente no caso do A-50. Esse enorme avião-radar tem a capacidade de monitorar um raio de 650 km no ar e identificar alvos até 350 km de distância em terra, sendo uma peça rara do arsenal de Vladimir Putin.
De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), sediado em Londres, a Rússia possui dez desses aviões em seu inventário, mas não está claro quantos estão operacionais. Nenhum deles havia sido abatido durante a guerra. No ano passado, um drone ucraniano chegou a pousar sobre um desses modelos em uma pista na Bielorrússia, mas não causou danos.
Cada avião A-50 custa cerca de R$ 1,5 bilhão e é provavelmente o mais caro em operação militar na Rússia. Um analista militar ouvido pela Folha de S. Paulo afirmou que o relato sobre sua derrubada é crível, apesar de o Ministério da Defesa russo não ter comentado o incidente.
Essa narrativa é corroborada por blogueiros militares russos, que geralmente estão bem informados sobre o que ocorre no campo de batalha. Segundo o canal de Telegram Rybar, este será um dia sombrio para as Forças Aeroespaciais russas.
Quais são as funções do A-50?
O A-50 desempenha um papel vital na coordenação das ações de caças e movimentações de tropas, contando com uma tripulação de 15 militares. Já o Il-22M, que também teria sido derrubado, serve como um posto de controle para forças em terra, transmitindo posições e ordens.
Segundo o IISS, Moscou operava 12 desses modelos na versão modernizada (M) no início de 2023, além de outros 7 mais antigos. Durante o motim mercenário ocorrido em junho, forças rebeldes do Grupo Wagner abateram um Il-22M no sul da Rússia, matando oito aviadores e causando consternação nacional.
Analistas e blogueiros russos contestam o relato ucraniano sobre a queda do segundo avião. De acordo com eles, a aeronave foi danificada, mas conseguiu pousar na base de Anapa, na região russa de Kransnodar.
Onde ocorreram os ataques às aeronaves?
Ambas as ações ocorreram sobre o mar de Azov, o que levanta outras considerações. Essa área do mar Negro está sob controle russo desde meados de 2022, quando a ponte terrestre entre a Rússia e a Crimeia anexada foi estabelecida por Putin.
Até então, era uma área exclusiva de ação russa. Se os abates ocorreram, eles dependeram de sistemas antiaéreos mais sofisticados, como os americanos Patriot, que até então eram usados apenas para proteger Kiev e outras regiões sensíveis.
O território sob controle ucraniano fica a cerca de 90 km do mar de Azov, no limite do alcance dos modelos mais antigos de mísseis empregados pelo Patriot, que quase dobram em versões mais recentes. No entanto, não se sabe se a Ucrânia arriscaria seu principal ativo de defesa aérea em uma área tão próxima das armas russas.
A ação foi uma vitória para os ucranianos
Essa provável vitória representa uma rara boa notícia para os ucranianos, que têm enfrentado a pior fase da guerra desde o início da invasão nos últimos meses. A queda do apoio ocidental, com a retenção de novos recursos financeiros para o país pelo Congresso americano e pela União Europeia, ameaça levar a defesa da Ucrânia ao colapso.
Contribuem para essa situação o fracasso da contraofensiva lançada por Volodimir Zelenski em junho passado, que tinha como objetivo cortar a ponte terrestre mencionada e concentrar as ações na Crimeia, e as tensões políticas internas do país.
Isso inclui divergências entre o presidente e Zalujni sobre o rumo do conflito, bem como no Congresso em relação à proposta de uma nova mobilização de soldados.
A eventual derrubada desses dois aviões também tem um impacto militar além do simbólico: eles são equipamentos raros, caros e de grande valor para as operações de Moscou na região.
No campo político, Moscou intensificou os contatos com seus parceiros que estão fora do campo de influência dos EUA na chamada “Guerra Fria 2.0”.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, conversou com seu homólogo iraniano e recebeu na capital a ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son Hui. O Ocidente acusa a Coreia do Norte de fornecer armas para os russos na guerra.
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