Tudo que você precisa saber sobre J.D. Vance
Aos 39 anos, Vance é uma estrela em ascensão na política americana, trazendo uma trajetória marcada por transformações pessoais e políticas
O ex-presidente Donald Trump anunciou J.D. Vance, senador por Ohio, como seu vice na chapa presidencial. Aos 39 anos, Vance é uma estrela em ascensão na política americana, trazendo uma trajetória marcada por transformações pessoais e políticas.
Vance é casado com Usha Vance, uma advogada de origem indiana, formada em Yale e na Universidade de Cambridge. O casal, que tem três filhos, representa o típico sonho americano de sucesso e superação.
Conheça mais sobre a vida, a trajetória e as ideias do novo nome do primeiro escalão da política dos EUA.
Identificação com os “hillbillies” americanos
O termo “hillbilly” é uma expressão em inglês que se refere às pessoas que vivem em regiões rurais e montanhosas dos Estados Unidos, principalmente nas áreas dos Apalaches e Ozarks.
Considerado pejorativo, é usado para descrever pessoas vistas como caipiras ou atrasadas. J.D. Vance, autor do best-seller “Era Uma Vez um Sonho” (“Hillbilly Elegy”), tem uma forte identificação com esses americanos frequentemente esquecidos e desprezados.
Vance cresceu em uma família de classe trabalhadora branca em Ohio, com raízes no Kentucky rural. Sua experiência pessoal reflete a realidade de muitos “hillbillies”. Em seu livro, Vance descreve a transformação das comunidades dos Apalaches de redutos democratas para republicanos, destacando o declínio econômico e social dessas regiões.
Ele argumenta que as políticas de assistência social muitas vezes não conseguem resolver os problemas culturais que mantêm as pessoas na pobreza. O livro de Vance se tornou uma espécie de guia não oficial para entender o apoio que Donald Trump recebeu dessas comunidades rurais e da classe trabalhadora.
Como ex-fuzileiro naval e graduado em Yale, Vance representa uma história de superação que ressoa com muitos desses americanos esquecidos. Inicialmente crítico de Trump, Vance posteriormente se alinhou com o ex-presidente, refletindo uma mudança de perspectiva que muitos eleitores dessas regiões também experimentaram.
De autor best-seller a senador em ascensão
Antes de ingressar na política, Vance era mais conhecido por seu livro “Era Uma Vez um Sonho: A História de uma Família da Classe Operária e da Crise da Sociedade Americana” (“Hillbilly Elegy”), lançado em 2016.
O best-seller, que narra as dificuldades da classe trabalhadora branca através de sua própria experiência em uma cidade do cinturão da ferrugem, foi amplamente aclamado e ajudou a explicar a popularidade de Trump nas eleições daquele ano.
Em 2020, o livro foi adaptado para o filme “Era Uma Vez um Sonho” (“Hillbilly Elegy”), que trouxe ainda mais notoriedade a Vance.
A conversão ao catolicismo
J.D. Vance se converteu ao catolicismo em agosto de 2019, no Priorado de Santa Gertrudes em Cincinnati, Ohio, onde foi batizado e confirmado pelo Rev. Henry Stephan, um frade dominicano.
Antes disso, Vance teve uma trajetória espiritual variada: foi criado por parentes cristãos que não frequentavam a igreja regularmente, passou por uma fase de ateísmo durante a faculdade de direito e, posteriormente, começou a se reaproximar da fé.
Ele escolheu Santo Agostinho como seu santo padroeiro, refletindo sua jornada de conversão. Vance explicou que sua conversão foi motivada por uma convicção de que o catolicismo era verdadeiro e pela influência de pessoas significativas em sua vida que eram católicas. Sua esposa, Usha, não é cristã e foi criada em uma família hindu.
Peter Thiel: empregador, mentor e apoiador
Após se formar na Faculdade de Direito de Yale, J.D. Vance trabalhou como principal executivo na empresa de investimentos do bilionário do Vale do Silício Peter Thiel em São Francisco.
Thiel, além de ser um investidor de sucesso, é também um pensador político e influenciou Vance com as ideias de René Girard, cujas teorias sobre desejo mimético e antropologia religiosa contribuíram para a conversão de Vance ao catolicismo.
Thiel foi um dos principais apoiadores financeiros da campanha de Vance ao Senado dos EUA em 2022, doando milhões de dólares. Ambos compartilham visões conservadoras e críticas ao pensamento progressista dominante, defendendo políticas que também beneficiam a classe trabalhadora.
De crítico feroz a aliado de Trump
Inicialmente um crítico feroz de Trump, Vance chegou a compará-lo a Hitler durante a campanha de 2016. No entanto, ao longo dos anos, ele mudou de postura, tornando-se um dos mais fervorosos defensores de Trump, inclusive apoiando as alegações infundadas de fraude nas eleições de 2020.
“Quando você percebe que estava errado sobre alguém, deve admitir o erro”, disse Vance.
Sobre a Guerra na Ucrânia
O senador J.D. Vance tem posições bem definidas sobre a guerra na Ucrânia. Vance é um crítico ferrenho do apoio financeiro e militar dos Estados Unidos à Ucrânia e defende uma abordagem mais isolacionista em relação ao conflito.
Ele se opõe fortemente à continuidade do apoio, argumentando que os recursos americanos deveriam ser redirecionados para outras áreas, especialmente para enfrentar a ascensão da China. Vance sugere que a única solução viável para o conflito seria a Ucrânia fazer concessões territoriais significativas à Rússia, uma posição que ele acredita ser necessária para alcançar a paz.
Ele também se opõe à inclusão da Ucrânia na OTAN, considerando essa medida irresponsável e potencialmente desestabilizadora.
J.D. Vance é frequentemente visto como um defensor de Vladimir Putin devido às suas posições que, na prática, beneficiam a Rússia. Sua oposição ao apoio dos EUA à Ucrânia e sua defesa de concessões territoriais são vistas como alinhadas aos interesses do Kremlin.
Se J.D. Vance for eleito vice-presidente, os riscos para a Ucrânia podem ser significativos. A Ucrânia poderia enfrentar uma drástica redução no apoio dos EUA, comprometendo sua capacidade de resistir à invasão russa.
Uma administração Trump-Vance poderia pressionar a Ucrânia a aceitar concessões territoriais, enfraquecendo sua posição e potencialmente legitimando as ações agressivas da Rússia. A política de “America First” de Vance poderia levar a um isolamento maior dos EUA em questões europeias, deixando a Ucrânia mais dependente de seus aliados europeus, que podem não ter a mesma capacidade de apoio.
A escolha de J.D. Vance como vice de Trump não só reforça a linha populista do ex-presidente, mas também coloca em destaque um dos novos nomes mais influentes e polêmicos da política americana.
Por que Trump escolheu J.D. Vance como vice – Crusoé (crusoe.com.br)
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