Troca de presos EUA-Rússia envolveu diplomacia e espionagem
Complexa negociação libera jornalista americano e dissidente russo em troca de assassino
Uma operação sigilosa entre os Estados Unidos e a Rússia culminou na libertação de Evan Gershkovich, jornalista do The Wall Street Journal, e Paul Whelan, especialista em segurança dos EUA, além de outros 14 prisioneiros. A negociação, que durou mais de um ano, envolveu espiões, um assassino russo e mensagens secretas entregues por mensageiros, segundo informações da imprensa americana.
O acordo, que também resultou na libertação de outros prisioneiros americanos e europeus, foi realizado em grande parte fora dos olhos do público. As negociações secretas envolveram uma rede complexa de diplomacia e espionagem, com participação de figuras improváveis como Tucker Carlson e Hillary Clinton, que desempenharam papéis importantes para impulsionar as negociações.
O acordo final foi uma troca sem precedentes em escala e complexidade, envolvendo também a libertação de dois americanos e oito russos que cumpriram décadas em prisões políticas e colônias penais na Europa. Entre os libertados, havia dissidentes que enfrentaram envenenamento e greves de fome, além de americanos comuns que se tornaram moedas de troca em um cabo de guerra geopolítico com Putin.
Evan Gershkovich, de 32 anos, foi detido enquanto documentava a repressão crescente na Rússia. Em 25 de junho, um ponto crucial foi alcançado quando oficiais da CIA se reuniram com seus homólogos russos em uma capital do Oriente Médio, propondo um acordo que incluía prisioneiros detidos em diversos países. O diretor da CIA e um chefe de espionagem russo logo concordaram com os parâmetros gerais do acordo, resultando na chegada de sete aviões diferentes a Ancara, na Turquia, na última quinta-feira, 1.
Entre os libertados estava Vadim Krasikov, um assassino russo condenado na Alemanha pelo assassinato de um ex-combatente separatista checheno em Berlim. Krasikov era uma peça-chave nas exigências de Putin, que considerava o assassino um “soldado fiel”. Em 2019, Krasikov matou a tiros um exilado checheno em plena luz do dia em um parque em Berlim, sendo preso em flagrante.
A troca aconteceu em meio ao conflito geopolítico na Ucrânia, onde os EUA fornecem armas e recursos à Ucrânia. O presidente Biden, que esteve pessoalmente envolvido nas negociações, saudou o acordo como um feito de diplomacia e amizade, enquanto ressaltava que o esforço não sinaliza um novo relaxamento nas tensões EUA-Rússia.
Ella Milman, mãe de Gershkovich, desempenhou um papel central, navegando entre as duas potências mais poderosas da OTAN para ajudar a libertar seu filho. Ela e seu marido Mikhail encontraram-se com autoridades americanas e alemãs, incluindo uma reunião urgente na Casa Branca com o presidente Biden. A operação incluiu a troca de prisioneiros entre várias nações e o envolvimento de agentes de inteligência de alto escalão.
Após 491 dias de detenção, Gershkovich foi libertado, encerrando uma das negociações de troca de prisioneiros mais complicadas e sigilosas da história recente.
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