Na última segunda-feira (16), a polícia deteve 104 trabalhadores que participavam de uma greve na fábrica da Samsung Electronics no sul da Índia. Eles protestavam contra salários baixos e tinham planejado uma marcha sem permissão, o que levou à intervenção policial. A greve interrompeu a produção na fábrica, localizada perto de Chennai, no estado de Tamil Nadu.

Esses protestos ocorrem em um momento crítico para a Samsung e o governo indiano. A fábrica é responsável por um terço da receita anual da empresa no país, que chega a US$ 12 bilhões. Além disso, a situação lança incertezas sobre o ambicioso plano “Make in India” do primeiro-ministro Narendra Modi, que visa atrair investidores estrangeiros e aumentar a produção de eletrônicos no país.

O que Está Por Trás dos Protestos na Fábrica da Samsung?

Os trabalhadores da Samsung têm reivindicado, entre outras coisas, um aumento salarial, o reconhecimento de um sindicato apoiado pelo influente grupo Center of Indian Trade Unions (CITU) e melhores condições de trabalho. A greve começou com demonstrações pacíficas em uma tenda improvisada perto da fábrica.

Como o Governo Tem Reagido?

As autoridades indianas, ao deterem os trabalhadores, alegaram que a marcha poderia perturbar a paz pública, já que muitas escolas, faculdades e hospitais estão localizados na área. K. Shanmugam, um oficial sênior do distrito de Kancheepuram, afirmou que a presença dos trabalhadores poderia paralisar a região, justificando assim as detenções.

O “Make in India” Está em Risco?

A greve na fábrica da Samsung representa um desafio significativo para a iniciativa “Make in India”, que visa triplicar a produção de eletrônicos para US$ 500 bilhões em seis anos. A Índia tem se mostrado um destino atraente para empresas estrangeiras devido à mão de obra barata, mas eventos como esse podem desencorajar novos investimentos se não forem tratados adequadamente.

Qual a Posição dos Sindicatos?

O secretário distrital adjunto da CITU, A. Jenitan, afirmou que as ações policiais não mudarão os planos dos trabalhadores e que novos protestos estão programados. Segundo ele, “Vamos prosseguir com o protesto de quarta-feira… sem mudanças no plano”. Esta postura indica que a tensão entre os trabalhadores e a administração da Samsung pode aumentar nos próximos dias.

Desafios Adicionais para a Samsung

A Samsung já enfrenta desafios significativos na Índia. Recentemente, o órgão antitruste do país acusou a empresa e outras fabricantes de cooperarem com gigantes do comércio eletrônico, violando leis de concorrência. A fábrica em questão, que produz eletrodomésticos como geladeiras, TVs e máquinas de lavar, emprega aproximadamente 1.800 trabalhadores, dos quais mais de 1.000 estão em greve. Outra fábrica da Samsung em Uttar Pradesh, que fabrica smartphones, não foi afetada pelos protestos.

A Samsung afirmou que está em diálogos com os trabalhadores e autoridades para resolver a situação o mais rápido possível. Imagens de vídeo mostraram trabalhadores sendo levados em ônibus para salas de detenção, ilustrando o quão tensionada está a situação.