“Todos estão obrigados a aceitar os resultados”, diz Liz Cheney, crítica de Trump
Ex-deputada é voz mais crítica ao presidente eleito no Partido Republicano desde a chamada “insurreição” de 6 de janeiro de 2001
A ex-deputada Liz Cheney, voz mais crítica a Donald Trump no Partido Republicano desde a chamada “insurreição” de 6 de janeiro de 2001, defendeu nesta quarta-feira, 6 de novembro de 2024, no X, a aceitação da vitória do ex-presidente sobre a sua candidata e atual vice, Kamala Harris, do Partido Democrata, bem como a vigilância sobre o futuro governo.
“O sistema democrático da nossa nação funcionou ontem [terça, 5] à noite e temos um novo presidente eleito. Todos os americanos estão obrigados, quer gostemos do resultado ou não, a aceitar os resultados das nossas eleições. Agora temos uma responsabilidade especial, como cidadãos da maior nação da Terra, de fazer tudo o que pudermos para apoiar e defender nossa Constituição, preservar o Estado de Direito e garantir que nossas instituições se mantenham nos próximos quatro anos. Cidadãos em todo este país, nossos tribunais, membros da imprensa e aqueles que servem em nossos governos federal, estadual e local devem agora ser os guardiões da democracia”, escreveu a filha de Dick Cheney, que foi vice-presidente dos EUA entre 2001 e 2009, nos governos de George W. Bush.
Em 31 de outubro, a cinco dias da eleição, Trump chamou Liz Cheney de “muito burra”, “estúpida” e “falcão de guerra radical”, durante conversa com o ex-apresentador da Fox News Tucker Carlson, em evento de campanha em Glendale, no Arizona, como mostramos.
Trump também falou em “colocá-la com um rifle, ali em pé, com nove canos atirando nela”, ao criticar a postura de falcões que, de um prédio chique em Washington, querem enviar milhares de tropas para a boca do inimigo.
“Não o culpo [Dick Cheney] por apoiar a filha [Liz], mas ela é uma pessoa muito burra, muito burra mesmo”, disse Trump. “Ela é uma falcão de guerra radical. Vamos colocá-la com um rifle, ali em pé, com nove canos atirando nela, ok? Vamos ver como ela se sente, quando as armas estiverem apontadas para o rosto dela. São todos falcões de guerra quando estão em Washington, num prédio chique, dizendo: ‘Oh, nossa, vamos mandar 10 mil tropas direto para a boca do inimigo.’ Mas ela é uma pessoa estúpida. Eu tinha reuniões com muita gente, e ela sempre queria entrar em guerra com todo mundo.”
Na ocasião, Liz Cheney reagiu no X:
“É assim que os ditadores destroem nações livres. Eles ameaçam aqueles que falam contra eles com a morte. Não podemos confiar nosso país e nossa liberdade a um homem mesquinho, vingativo, cruel e instável que quer ser um tirano.”
Apesar da formulação temerária, explorada por apoiadores de Kamala como apologia ao homicídio, Trump não incorreu em ameaça à ex-deputada, mas em retórica isolacionista contra defensores do envolvimento dos EUA em guerras onde se perdem vidas de militares americanos.
Kamala Harris, em sua tentativa de cortejar eleitores independentes e republicanos moderados, vinha explorando as falas mais agressivas de Trump contra desafetos e rivais.
“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo interno’. Este não é um candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor. Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”, disse Kamala no dia 29, por exemplo, no Ellipse, em Washington, o mesmo local onde Trump fez seu discurso de 6 de janeiro de 2021.
Em 13 de outubro, Maria Bartiromo, da Fox News, havia perguntado a Trump sobre a possibilidade de caos no dia da eleição. Trump alertou sobre “pessoas muito ruins”, “lunáticos radicais de esquerda” que devem ser tratados, se “necessário”, pela Guarda Nacional ou pelos militares.
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