The Economist: “O louco e mau regime de Maduro”
"O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil, conhecido como Lula, expressou confiança na capacidade dos tribunais da Venezuela, que estão lotados de comparsas do regime, de verificar os resultados e descreveu a eleição como "normal", diz The Economist
A revista The Economist abordou a loucura e a maldade de Maduro, que se aferra cada vez mais ao poder, que tenta manter através de uma repressão brutal. “Ele parece irritado e exausto em seus repetidos discursos na televisão, nos quais critica os inimigos ´fascistas´”, descreve a revista, esclarecendo também que ele foi esmagado pela oposição nas urnas:
“O problema do Sr. Maduro é que ele foi pego. Todos, do exército aos seus antigos aliados de esquerda latino-americanos, agora sabem o quão impopular ele é. Uma esmagadora maioria de venezuelanos votou contra ele em 28 de julho. Embora ele tenha impedido a líder da oposição mais popular, María Corina Machado, de concorrer, ele ainda perdeu a eleição por uma margem esmagadora”.
A revista The Economist afirma ter falado com vários diplomatas que têm conhecimento dos bastidores de negociações que podem levar Maduro a reconhecer a sua derrota. Os interlocutores optaram por permanecer anônimos.
Segundo as fontes, a disposição do regime de participar das negociações depende principalmente da lealdade ou não do exército. Ou seja, Maduro só negociará se perceber que não conseguirá manter o poder à força.
A matéria prossegue explicando como a oposição, por meio de voluntários, conseguiu as atas das eleições e comentando os protestos que eclodiram após o anúncio oficial da falsa vitória de Maduro. A revista reverencia também a coragem de Maria Corina Machado e do povo venezuelano:
“A oposição continua surpreendentemente corajosa. Sob ameaça de prisão, a Sra. Machado se escondeu. No entanto, em um comício na capital em 3 de agosto, uma figura encapuzada com um capuz branco subiu em um caminhão, revelando-se de repente. ´A Venezuela estará livre em breve!´, proclamou a Sra. Machado para uma multidão de dezenas de milhares. Após o discurso, ela se misturou ao trânsito na garupa de uma motocicleta”
Negociações sem Maria Corina Machado
Segundo a revista inglesa, o papel dos Estados Unidos é limitado. Já tendo reconhecido Edmundo González como vencedor não resta muito a fazer a não ser estabelecer novas sanções contra o regime. Assim como outros veículos de imprensa, a revista acredita que Brasil, Colômbia e México estão “promovendo uma estratégia”, tentando estabelecer um diálogo entre Maduro e a oposição.
A matéria destaca, porém, que a estratégia “tem buracos”: “Para começar, nenhum prazo foi definido para o regime produzir evidências mais detalhadas sobre a contagem de votos. O atraso favorece o regime, pois ele espera que o ímpeto da oposição diminua”.
Também há pouco progresso nas negociações entre a oposição e o regime. “María Corina nos disse claramente: por que vou negociar resultados eleitorais quando o povo venezuelano já decidiu?”, diz um funcionário estrangeiro envolvido nas negociações. O regime também não está interessado. Uma ideia é que a Sra. Machado seja excluída das discussões com base no fato de que o Sr. González é mais palatável para o governo.
A indulgência de Brasil, México e Colômbia com Maduro
Segundo as fontes da revista, na mesa de negociações estaria também a possibilidade de novas eleições, o que é visto com razão pela oposição como uma proposta absurda. A matéria também apresenta dúvidas em relação aos países empenhados nessa negociação:
“Nem mesmo está claro se os líderes do Brasil e do México acreditam que o Sr. Maduro perdeu. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil, conhecido como Lula, expressou confiança na capacidade dos tribunais da Venezuela, que estão lotados de comparsas do regime, de verificar os resultados e descreveu a eleição como “normal. O governo do México parece ainda mais relutante em condenar a fraude”.
The economist analisa ainda que a indulgência dos dois países com o Sr. Maduro pode refletir pressões domésticas:
“O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no Brasil, parte da base de Lula, parabenizou o Sr. Maduro imediatamente após ele reivindicar a vitória e denunciou a oposição como “fascista”. Uma ala do Morena, o partido governista do México, também paraoubeniz o Sr. Maduro. Um ex-diplomata mexicano diz que o embaixador de seu país em Caracas é um simpatizante de Maduro. Ele é ´um ativista de esquerda, muito de esquerda´, acrescentam.”
Em relação à Colômbia, Gustavo Petro tem sido pressionado internamente a ser mais duro com o Maduro, devido à questão migratória, uma vez que a tragédia venezuelana empurra cada vez mais venezuelanos para o país vizinho. No entanto, uma autoridade colombiana afirmou à revista que o governo não romperá relações diplomáticas com a Venezuela, mesmo que Maduro fique no poder
“Duvidar é traição”
Diante da indulgência dos três países latinos com a ditadura, a questão chave é a posição do exército que, até agora, defendeu ferozmente Nicolás Maduro.
Em 5 de agosto, González e Corina Machado publicaram uma carta pedindo que a base do exército “apoiasse o povo” e prometeram que um governo de oposição ofereceria “garantias para aqueles que concluíssem seus deveres constitucionais”. Em resposta, o procurador-geral da Venezuela abriu uma investigação criminal sobre ambos.
Desde a eleição, o regime lançou uma campanha nas redes sociais que retrata a Guarda Nacional Venezuelana sob o slogan: “Duvidar é traição”.
“Por enquanto, deserções do exército são improváveis. As duas potências estrangeiras que têm mais influência sobre as forças armadas da Venezuela são Rússia e Cuba, que ajuda a administrar sua inteligência. Ambos são aliados ferrenhos do regime. A liderança militar inchada lucra com o capitalismo de compadrio do Sr. Maduro”, analisou a revista The Economist.
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