O líder supremo dos talibãs, Hibatullah Akhundzada, proibiu a construção de janelas em novas residências no Afeganistão que ofereçam vista para áreas onde mulheres possam ser vistas.

A regra, anunciada no sábado, 28, pelo porta-voz Zabihullah Mujahid, também exige que janelas já existentes sejam bloqueadas com muros ou cortinas para “preservar a privacidade e proteger as mulheres de possíveis danos”.

O decreto, enviado às prefeituras e órgãos responsáveis por obras, descreve que janelas com vista para cozinhas, pátios ou poços — locais comumente utilizados por mulheres — devem ser removidas ou obstruídas. 

Autoridades municipais foram instruídas a fiscalizar o cumprimento rigoroso da norma, que se soma às várias restrições já impostas às mulheres desde o retorno dos talibãs ao poder, em agosto de 2021.

“Apartheid de gênero”

Para a ONU, as mulheres afegãs enfrentam um “apartheid de gênero” no país, com proibições que as impedem de frequentar escolas, universidades, parques, academias e salões de beleza. 

Elas também não podem trabalhar fora de casa na maioria das áreas urbanas e são obrigadas a usar véus em público. 

Recentemente, até mesmo vozes femininas foram banidas de rádios e TVs, e o governo proibiu mulheres de cantar ou recitar poesia, em um esforço para restringir ainda mais sua presença na esfera pública.

A política dos talibãs justifica essas medidas sob a interpretação estrita da lei islâmica, que, segundo o regime, “garante os direitos dos afegãos”. A comunidade internacional, no entanto, considera como violações graves dos direitos humanos.

Leia mais: Queda de Assad: EUA atacam alvos do Estado Islâmico na Síria

Leia também: Feminismo progressista e esquerda talibã