Talibãs ameaçam fechar ONGs onde mulheres ainda trabalham
A repressão talibã contra as mulheres continua irrefreável no Afeganistão: Sem direito à voz, ao espaço público, a janelas, ao trabalho ou estudo elas são escravizadas
Dois anos depois de pedir às organizações não-governamentais que suspendessem o emprego de mulheres afegãs, alegadamente por não usarem corretamente o lenço islâmico, os líderes extremistas anunciaram o encerramento de todas as ONG que empregam mulheres em solo afegão.
Numa carta publicada no X, no domingo, 29 de dezembro, o Ministério da Economia afegão alertou que se as ONG não cumprissem esta última liminar, perderiam a sua licença de operação no Afeganistão.
“Em caso de falta de colaboração, todas as atividades desta instituição serão canceladas e também será cancelada a licença de atividade desta instituição, concedida pelo ministério”, escreveu.
As mulheres já perderam quase todos os seus direitos desde que os talibãs regressaram ao poder, com muitos empregos e a maioria dos espaços públicos sendo proibidos para elas.
Sem janelas
Recentemente, noutra medida, o líder talibã Hibatullah Akhundzada ordenou que os edifícios não tivessem janelas voltadas para locais onde uma mulher pudesse sentar-se ou ficar de pé.
O líder supremo do grupo extremista ordenou que janelas que ofereçam vistas para áreas residenciais onde mulheres possam estar presentes sejam obstruídas ou não construídas. Segundo as autoridades, essa medida visa evitar situações consideradas “obscenas”.
Conforme divulgado por Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo talibã, todos os novos edifícios deverão ser projetados de forma a não permitir a visualização de “cozinhas, poços e outros espaços frequentemente utilizados por mulheres”. Além disso, a fiscalização da construção civil será intensificada para garantir o cumprimento dessa norma.
A orientação sugere que, caso existam janelas com visibilidade direta para os vizinhos, os proprietários devem construir muros ou tomar medidas para bloquear essa vista, com o intuito de “evitar incômodos aos vizinhos”.
Sem voz
Recentemente, uma nova legislação foi promulgada proibindo as mulheres de cantar ou recitar poesia, refletindo uma interpretação extremamente rigorosa da lei islâmica que rege o país.
A repressão à expressão feminina se estende também aos meios de comunicação; várias estações de rádio e televisão locais deixaram de veicular vozes femininas.
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