Steven Spielberg contra o antissemitismo
O cinesta foi homenageado pela Universidade do Sul da Califórnia com a Medalha USC, destacando seus 30 anos à frente da Fundação Shoah
Steven Spielberg foi homenageado pela Universidade do Sul da Califórnia com a Medalha USC, destacando seus 30 anos à frente da Fundação Shoah, instituição que fundou após dirigir A Lista de Schindler.
Em um evento marcado por emoção e reflexão, Spielberg não apenas recebeu reconhecimento por seu trabalho na preservação da memória do Holocausto, mas também aproveitou a oportunidade para expressar sua crescente preocupação com o antissemitismo.
Durante a cerimônia, Spielberg foi acompanhado por sobreviventes do Holocausto, destacando a importância de seus testemunhos na luta contra o esquecimento e o ódio. Celina Biniaz, a mais jovem sobrevivente salva por Oskar Schindler, esteve presente, simbolizando a conexão viva entre o passado e os esforços contínuos para educar as futuras gerações.
Em seu discurso, Spielberg fez um paralelo preocupante entre os eventos históricos e o clima atual, ressaltando o perigo da intolerância e do extremismo. Sua mensagem foi um chamado contra o antissemitismo e todas as formas de discriminação, sublinhando a necessidade de uma sociedade que celebre as diferenças.
A Fundação Shoah tem sido fundamental na educação sobre o Holocausto e na luta contra o antissemitismo. Ao compartilhar histórias de sobreviventes, Spielberg e a fundação buscam não apenas honrar aqueles que foram afetados por tragédias passadas, mas também instilar um senso de responsabilidade nas novas gerações para prevenir a repetição desses horrores.
Comunidade judaica de Hollywood responde a Jonathan Glazer
A premiação do Oscar deste ano foi marcada por uma intensa repercussão ao discurso de Jonathan Glazer, diretor de “The Zone of Interest”, após receber o prêmio de Melhor Filme Internacional.
Glazer comentou sobre a “desumanização” provocada pelo ataque de 7 de outubro a Israel pelo Hamas, fazendo um paralelo inaceitável com o Holocausto, o que gerou uma forte reação da comunidade judaica de Hollywood.
Uma carta aberta criticando as declarações do cineasta já reuniu mais de 1.200 assinaturas de profissionais judeus do show business, incluindo nomes como Eli Roth, Amy Sherman-Palladino, Amy Pascal, e Debra Messing.
A jornalista brasileira Miriam Spritzer (na foto, com Steven Spielberg), signatária da carta, em entrevista exclusiva para O Antagonista, destacou a importância da manifestação como um reflexo fiel dos sentimentos da comunidade judaica em Hollywood, da qual ela faz parte: “a carta está muito bem escrita e traduz o que a comunidade judaica está sentindo”, afirmou.
Ela criticou Glazer por negar sua origem judaica em um momento em que o antissemitismo cresce mundialmente. Spritzer também apontou o uso problemático do termo “ocupação” por Glazer, contribuindo para uma falsa narrativa sobre Israel e Gaza, e a falta de menção aos reféns israelenses no discurso.
A iniciativa da carta, segundo Spritzer, surgiu organicamente entre profissionais judeus de Hollywood, sem o envolvimento direto de organizações. “Realmente foi de boca em boca… a tendência é que o número de signatários vai continuar crescendo”, explicou sobre o processo de coleta de assinaturas, que rapidamente passou de 450 para 1.200 e segue aumentando.
Diz a carta:
“Declaração dos Profissionais Judeus de Hollywood
Nós somos artistas, executivos e profissionais judeus de Hollywood.
Repudiamos o sequestro do judaísmo com o propósito de estabelecer uma equivalência moral entre um regime nazista que procurou exterminar uma raça de pessoas e a nação israelense que busca evitar sua própria extinção.
Toda morte de civis em Gaza é trágica. Israel não está mirando civis. Está mirando o Hamas. O momento em que o Hamas libertar os reféns e se render será o momento em que essa guerra dolorosa termina. Isso tem sido verdade desde os ataques do Hamas em 7 de outubro.
O uso de palavras como “ocupação” para descrever um povo judeu defendendo uma pátria que remonta a milhares de anos, e que foi reconhecida como um estado pelas Nações Unidas, distorce a história.
Isso dá credibilidade à calúnia moderna que alimenta um crescente ódio antijudaico ao redor do mundo, nos Estados Unidos e em Hollywood. O clima atual de crescente antissemitismo apenas sublinha a necessidade do Estado Judeu de Israel, um lugar que sempre nos acolherá, como nenhum estado fez durante o Holocausto retratado no filme do Sr. Glazer.”
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