Social-democrata Olaf Scholz recebe o libertário Javier Milei
Na ata que se seguiu ao encontro, em Berlim, entre o chanceler social-democrata alemão, Olaf Scholz, e seu convidado, o presidente argentino Javier Milei, houve elogios mútuos mas também surgiu um contraponto...
Na ata que se seguiu à reunião de trabalho, realizada em Berlim, neste domingo, 23 de junho, entre o chanceler social-democrata alemão, Olaf Scholz, e seu convidado, o presidente argentino Javier Milei, houve elogios mútuos mas também surgiu um contraponto a respeito das repercussões negativas do ajuste fiscal sobre a população argentina.
O chanceler alemão sublinhou que, na sua perspectiva, “a compatibilidade social e a proteção da coesão social devem ser critérios importantes”, lê-se no comunicado oficial, assinado pelo porta-voz do governo federal, Steffen Hebestreit.
A publicação foi feita quando Milei e sua comitiva já se dirigiam para Praga, etapa final da turnê que começou na Espanha na sexta-feira, 21.
Milei, por sua vez, negou, numa entrevista de rádio, ter recebido a reclamação do chanceler alemão: “Ele não mencionou isso para mim, em nenhum momento”, disse Milei, consultado nesta segunda-feira, 24, sobre o assunto pela rádio Mitre.
“Scholz Perguntou-nos como estava funcionando o plano econômico, dado que tem um peso significativo no FMI; falamos também sobre os problemas das empresas alemãs e como estávamos avançando na resolução desses problemas. Também falamos de recursos naturais de extrema importância para a Alemanha e que isso geraria muitos investimentos alemães na Argentina”, disse Milei, antes de negar ter recebido qualquer reclamação de seu homólogo na reunião.
Fontes oficiais com acesso ao que foi discutido na reunião corroboraram a afirmação do presidente argentino. “Ninguém fez qualquer referência crítica à situação social”, responderam. E acrescentaram que o Presidente fez uma análise detalhada dos primeiros seis meses da sua administração, tendo mesmo mencionado que tinha implementado diferentes “mecanismos de contenção” para mitigar o impacto do ajuste fiscal implementado desde que chegou à Casa Rosada.
Por que existem diferenças?
O Governo argentino atribui a incorporação do referido parágrafo sobre a importância da compatibilidade social e da proteção da coesão social às necessidades políticas do governo alemão. “Eles são social-democratas, têm que dizer isso”, disseram, sem dar muita importância ao contraponto.
No próximo mês de Setembro, haverá eleições nos estados alemães de Brandemburgo, Saxónia e Turíngia, e o partido no poder tentará travar o crescimento da extrema-direita alemã, com quem Milei não teve nenhum contato durante a sua breve passagem naquele país.
Interesses comuns
No comunicado oficial, o governo Scholz enfatizou as coincidências entre os dois presidentes em outros assuntos de interesse comum. “O chanceler federal e o presidente Milei também discutiram o acordo de livre comércio entre a União Europeia e os países do Mercosul: concordaram que as negociações sobre o acordo devem ser concluídas rapidamente. A possível entrada da Argentina na OCDE também foi discutida. O governo federal apoia esta iniciativa”, disse o porta-voz do chanceler Scholz.
O comunicado alemão sobre o encontro entre os dois presidentes expressa também o acordo “de que a Rússia tem nas mãos a possibilidade de pôr fim à guerra de agressão contra a Ucrânia”, outro ponto de acordo entre os dois governos.
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