Segurança europeia à prova de Trump
Especialistas do Reino Unido e da Alemanha pedem aos líderes que considerem ativamente medidas para proteger a Ucrânia se o ex-presidente dos EUA for reeleito
Os europeus precisam encarar a realidade de que, se Donald Trump vencer a eleição presidencial do mês que vem, ele pode rapidamente cortar os gastos com defesa dos EUA na Europa, tentar impor um acordo de paz à Ucrânia que deixe trechos de seu território nas mãos da Rússia e até mesmo se retirar completamente da Otan, diz o relatório dos think tanks do Reino Unido e da Alemanha.
Tais medidas teriam consequências enormes para o compartilhamento de inteligência e a viabilidade do artigo 5, a cláusula crucial de autodefesa coletiva da Otan, diz o relatório, publicado na quarta-feira, 9 de outubro.
O relatório foi preparado pelo New Diplomacy Project, que é aconselhado por Sir David Manning, um ex-embaixador do Reino Unido em Washington, e pela Friedrich Ebert Foundation, que é ligada ao partido Social Democrata (SDP) do chanceler Olaf Scholz.
Sua publicação ocorre na véspera de uma reunião em Londres na quinta-feira, 10, entre o novo secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, e o secretário de relações exteriores do Reino Unido, David Lammy.
“O primeiro mandato de Trump foi repleto de tratados retirados, tarifas sobre aliados e elogios a governos autoritários. Os líderes europeus precisam reforçar de forma prática e preventiva a defesa, a segurança e a resiliência europeias contra uma presidência de Trump no segundo mandato”, disse Sam Goodman, um dos autores do relatório.
Trump disse que se vencer a eleição nos EUA, dirá à Ucrânia que ela tem que fazer um acordo com o presidente russo, Vladimir Putin. Restam apenas três meses para convencê-lo de que o preço da paz que o Kremlin provavelmente exigirá é inaceitável, diz o relatório.
Banco da Otan
Para mitigar o impacto de uma segunda presidência de Trump, os países da Otan devem apoiar a criação de uma instituição de empréstimo multilateral aliada, na prática um banco da Otan, diz. Isso poderia “economizar milhões para as nações em compras de equipamentos essenciais, oferecer baixas taxas de juros em empréstimos para membros da aliança e introduzir uma nova linha de financiamento com prazos de reembolso mais longos”.
O Reino Unido também deve se preparar para assinar ou atualizar acordos de segurança com a Alemanha, a UE e a França, diz o relatório. Os acordos podem incluir o desenvolvimento de sistemas de defesa antimísseis, reabastecimento ar-ar, manutenção de aeronaves, capacidades de transporte aéreo e capacidades cibernéticas conjuntas.
Outras ameaças que os relatórios dizem que uma vitória de Trump pode representar incluem uma quebra da comunicação diplomática entre os EUA e a Europa, a retirada de tropas e ativos militares dos EUA da Europa e a introdução generalizada de tarifas levando ao colapso da Organização Mundial do Comércio.
Leia mais: Livro mostra bastidores da política externa de Joe Biden
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)