Sai reitora de Harvard. Identitarismo radical continua
A renúncia da presidente de Harvard, Claudine Gay, nesta terça, 2, escancara a guerra de bastidores que acontece entre os defensores do identitarismo mais radical e os que tentam preservar a excelência acadêmica nas universidades.
A renúncia da presidente de Harvard, Claudine Gay, nesta terça, 2, escancara a guerra de bastidores que acontece entre os defensores do identitarismo mais radical e os que tentam preservar a excelência acadêmica nas universidades.
Gay, cientista política de 53 anos, é a primeira negra e a segunda mulher a presidir a mais conhecida universidade americana, fundada em 1638. Ela foi empossada em 1 de julho de 2023 e publicou sua carta de renúncia apenas 185 dias depois, num dos mais curtos mandatos da história de Harvard.
Sua saída acontece após uma série de denúncias de plágio e inconsistências na sua modesta produção intelectual, além do desastroso depoimento no Congresso americano em que ela e as reitoras da Universidade da Pensilvânia, que também renunciou, e a do MIT, única que ainda se segura do cargo, não conseguiram convencer a opinião pública mundial que agem contra as manifestações explícitas de antissemitismo e assédio a alunos judeus nas suas universidades depois do início da guerra entre Israel e Hamas.
A agora ex-reitora tinha padrinhos de peso, com destaque para o ex-presidente americano Barack Obama, que não só apoiou sua eleição como operou nos bastidores para que ela fosse mantida no cargo após os escândalos, o que se mostrou inviável.
Muitos doadores importantes cancelaram suas contribuições milionárias e a prestigiosa universidade estava sob os holofotes desde que as credenciais acadêmicas frágeis de Claudine Gay começaram a levantar suspeitas de favorecimento em função da política identitária radical da administração de Harvard.
Em artigo publicado nesta quarta, 3, no The New York Times, o colunista Bret Stephens questionou:
“Pode ser que agora o ponto seja irrelevante, mas a pergunta crucial para Harvard nunca foi se Claudine Gay deveria se afastar. O cerne da questão era o motivo de ela ter sido escolhida, depois de uma das mais rápidas seleções presidenciais na história recente de Harvard.
Como uma pessoa com um histórico acadêmico tão escasso como o dela — sem ter escrito um único livro, com apenas 11 artigos publicados em revistas nos últimos 26 anos e sem contribuições marcantes para sua área — chegou ao topo da academia americana?
Acho que a resposta é: onde antes havia um pico, agora existe um buraco.
Esse buraco foi criado quando o modelo de educação superior baseado na justiça social, atualmente focado em esforços de diversidade, equidade e inclusão — e com grande investimento na administração universitária — destruiu o modelo de excelência, que se baseava no ideal do mérito intelectual e se preocupava principalmente com conhecimento, descoberta e o debate livre e intenso de ideias.”
O slogan da universidade de Harvard, presente em seu logotipo, é “Veritas” (“Verdade”, em latim). A busca desinteressada pela verdade, motivo da criação das universidades pela Igreja Católica há mil anos, está sob ataque desde a politização da administração destas instituições de elite há algumas décadas. Que seja apenas uma fase passageira.
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